Hélder Rodrigues
1. As gentes poveiras e um grande amor pela Póvoa
A primeira vez que ouvi falar na Póvoa de Varzim foi no Cinema Tivoli, nos distantes Anos 40, ao assistir ao filme de Leitão de Barros “Ala Arriba”. Logo ali fiquei com a certeza de ser uma terra de gente valente, com grande amor e fé na conquista do seu futuro através da defesa das suas origens, da sua cidade, das suas gentes “poveiras”!
Mais tarde, nos anos 60, estudante de Engenharia no Porto, tive oportunidade de conhecer a Póvoa. Em primeiro lugar nas Queimas das Fitas, onde, de capa e batina, dançávamos alegres toda a noite nos Bailes de Gala do Casino ao som do Conjunto Shegundo Galarza, para no dia seguinte entrarmos em garraiadas que nos faziam o corpo “num bolo”para a semana inteira !
Nesse tempo íamos também em caravanas automóveis assistir a grandes jogos Varzim-Académica, na altura em que a Briosa, constituída por jogadores universitários de alto gabarito (Maló, Marques, Rui Rodrigues, Gervásio, Artur Jorge, Belo, Vítor e Mário Campos) dava verdadeiros recitais de futebol!
A forma vibrante e intensa como a claque poveira apoiava a sua equipe confirmava a impressão inicial de estarmos em presença de gente com um grande amor pela sua Póvoa!
2. Muitos antigos estudantes de Coimbra ligados à Póvoa
Mas um facto curioso logo ali me surpreendia. Não havia apupos contra a Académica, pelo contrário sempre um aceno de simpatia e cordialidade! Quer quando a Briosa entrava em campo imponente de capa aos ombros, quer em alguma jogada mais vistosa e tecnicista que a Briosa procurava contrapor a fogosidade e ao querer da equipe varzinista,
Só mais tarde vim a saber porquê! Sempre houve, há e haverá muitos antigos estudantes de Coimbra ligados à Póvoa de Varzim! Relativamente ao passado recordo ao acaso: Eça de Queiroz (que ali nasceu), Jose Régio (que ali escreveu grande parte da sua obra), António Nobre, João Penha, Ruben A. (que a descreveram de forma apaixonada) e tantos outros.
Na actualidade Jose Macedo Vieira (ex presidente da Câmara durante 20 anos, que a transformou de forma notável), José Carlos de Vasconcelos (uma referência cultural), Lídio Marques (eterno defensor do seu Varzim), Ricardo e Pedrinho (jogadores da Académica, formados na Póvoa, que deixaram saudades).
3. A Póvoa a postos para receber Coimbra de braços abertos
Foi por isso com grande satisfação que a Câmara da Póvoa aceitou a nossa sugestão de fazer o lançamento da 2ª edição do Livro “Coimbra. Cidade Universitária da Lusofonia” naquela cidade de que tanto gostamos.
Disponibilizou o mítico espaço cultural da Póvoa (o Diana Bar), tratou dos convites, dos cartazes e da sua divulgação, tratou de todos os detalhes envolvidos para que o evento tivesse êxito.
Na sexta feira passada saímos depois de almoço em direcção à Póvoa. Chegámos a meio da tarde. Ar forte e intenso a maresia. Logo vimos cartazes por todo o lado da cidade poveira (nos edifícios públicos, nas paragens de autocarros, nos locais de referência anunciando o evento! Ficamos emocionados com a homenagem a Coimbra e à sua Universidade, de forma tão popular e genuína. A “Noite de Coimbra na Povoa” que se seguiu foi de tal modo calorosa e surpreendente, que será objecto da nossa próxima crónica!
