Opinião – Os pecados do candidato

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BRUNO PAIXÃO opiniaão recorteBruno Paixão

Uma das últimas edições da Campaigns&Elections trouxe uma abordagem aos erros mais espinhosos cometidos pelos candidatos. Na disputa pelo poder, muitos políticos acabam por vaguear por becos labirínticos, de onde é difícil regressar sem a derrota. Eis os sete pecados capitais dos candidatos.

AVAREZA. A ganância de querer a todo o custo chegar ao poder é a primeira pedra de tropeço. Se procurarmos a razão que leva alguém a perfilar-se, ficaremos com ideias vagas e deambulantes. O voto sela uma ligação emocional entre o candidato e o eleitor. Se o político não apresentar um motivo convincente, então precisa de uma mensagem muito forte. Caso contrário, aconselho-o a desistir. Enquanto é tempo…

PREGUIÇA. Conheci recentemente um candidato cujo lema me pareceu ser “deixar para amanhã aquilo que se pode fazer hoje”. Encontrei a sua base de apoio entorpecida e contagiada pela letargia. Numa campanha, como na vida, o menor esforço é uma árvore que não dá frutos.

IRA. Há aqueles cujo ímpeto não sucumbe ao desejo de destruir. Gente próxima de Santana Lopes precipitou o caso Freeport em véspera de eleições e manipulou a investigação, com vista a atingir Sócrates. Como se viu, Sócrates não saiu prejudicado. Mas Santana Lopes foi severamente punido pelos eleitores. Os cidadãos, embora se divirtam com os escândalos, apreciam uma campanha limpa. E sabem que um adversário que joga sujo não merece o seu voto.

SOBERBA. A vaidade, o orgulho e a arrogância são sinais exibidos por políticos demasiado autoconfiantes. Estes até podem ter ao seu lado os líderes de opinião e contar com apoios de peso, mas a verdade é que o eleitor acaba por decidir sozinho em quem vota. Chegar atrasado aos eventos, recusar ir a alguns lugares ou rodear-se de bajuladores, faz perder votos. E numa campanha, a perda de um representa o ganho do outro.

INVEJA. Na tentativa de agradar, os candidatos por vezes apresentam-se com uma atitude que não é a sua, copiando outros políticos. Deixam de ser autênticos e muitas vezes ignoram que possuem características melhores do que as que cobiçam.

GULA. Mesmo um olhar desatento percebe quando estamos perante alguém com um desejo insaciável de passar à frente. A pressa motiva atropelos e é despoletada por falta de preparação e de um planeamento adequado. Como disse Séneca, “não há bom vento para quem não conhece o seu porto”.

LUXÚRIA. O eleitor é feito de sensibilidades e pode alterar o sentido de voto em função de pormenores. Se o candidato fizer prevalecer o seu ego sem atender às suscetibilidades dos cidadãos, pode estar a cometer uma veleidade incauta e desastrosa para os seus intentos eleitorais. Em novembro de 2008, no final de um almoço promovido pela Câmara de Comércio Luso-Americana, Manuela Ferreira Leite sugeriu que “seria bom suspender a democracia por seis meses”. A toalha caiu no chão…

 

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