Universidades sobrevivem à crise em Portugal com projetos cada vez mais internacionais

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Foto de Gonçalo Manuel Martins

Foto de Gonçalo Manuel Martins

As universidades portuguesas conseguem assegurar metade do financiamento com receitas próprias e captar cada vez mais projetos internacionais de grande volume que compensam a quebra na procura interna dos serviços que prestam e das dotações do Estado.

Na Universidade de Coimbra (UC), o orçamento ascende aos 120 milhões de euros, sendo metade assegurado diretamente pelo Estado.

Cerca de 20 milhões de euros são propinas dos vários níveis (licenciatura, mestrado e doutoramento). O restante obtém-se pela prestação de serviços nas mais variadas áreas e projetos de investigação, sejam europeus, financiados pela FCT ou pelo Quadro de Referência Estratégica Nacional (QREN).

“Há muitos projetos com câmaras municipais para levantamentos arqueológicos, culturais, planos de ordenamento, prestações de serviços com empresas para fazer análises e ensaios de diversos tipos para desenvolver ou testar novos produtos e ideias, contou à Lusa o reitor, João Gabriel Silva.

São trabalhos nas áreas de engenharia, biologia, geografia, geologia, e economia, para análises económicas e planos de negócios, de valor relativamente baixo, mas em grande número, referiu.

“Depois há projetos, especialmente os europeus, que podem ser de volume muito elevado. De vez em quando há projetos do European Research Council”, exemplificou.

Há poucos dias, foram assinados com a Comissão de Coordenação projetos de investigação e desenvolvimento que representam quase 10 milhões de euros, ao longo de dois anos e meio, metade na área das engenharias e a outra metade no campo da saúde.

Também nesta universidade a capacidade de captar receitas próprias “sofre com a crise”, mas o esforço de internacionalização tem compensado a situação do mercado interno, o que permite manter o nível de receita própria.

Com um orçamento global de 200 milhões de euros, a Universidade do Porto (UP), enquanto instituição de ensino, recebe do OE metade desta verba, segundo o reitor, José Marques dos Santos.

“Se considerarmos também os nossos institutos de interface, o orçamento ultrapassa os 240 milhões de euros e desses recebemos do Estado diretamente cerca de 45 a 46 por cento”, sublinhou.

Também aqui os projetos com empresas “não estão no melhor momento”, mas a diminuição verificada acaba por ser compensada pelo reconhecimento entretanto alcançado.

A universidade tem conseguido figurar em rankings internacionais e as propinas pagas pelos alunos são também 20 a 21 por cento da receita própria que gera.

A UP mantém a aposta em projetos de investigação nacionais e internacionais, que lhe permitem equilibrar as perdas sofridas pelo lado da austeridade. O reitor já só pede que não compliquem a vida às universidades, com “tanta burocracia”.

 

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