Opinião – Desenterrar o Machado

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Paulo Almeida

No final desta semana se verá até que ponto o Partido Socialista em Coimbra tomou as dores da exoneração de Manuel Machado, depois de anos a fio a ser nomeado para comissões de serviço com base em razões de “interesse público excepcional”, cumuladas com a “experiência profissional” e “reconhecida aptidão” para o exercício das funções inerentes aos cargos. Pode ser hora da revolta. Quem ousou exonerá-lo vai pagar nas urnas. Com o PS de Coimbra não se brinca e tudo indica que no final desta semana Manuel Machado vai ser indigitado para presidente da Câmara Municipal de Coimbra.

Se tal acontecer, não deve ser por causa de dinheiro. Machado anda há anos a receber uma terça parte da pensão de aposentação em cumulação com a totalidade da remuneração base correspondente às funções desempenhadas. Têm sido mais de três mil euros por mês, mais despesas de representação, mais eventuais prémios anuais, mais um terço da pensão, que nem sei quanto é, mas que Manuel Machado já recebe há muitos e muitos anos a esta parte, apesar de estar longe da idade de reforma que, por enquanto, é de 65 anos (no sector privado).

É imprescindível recordar que Manuel Machado, mal se licenciou em 1978, tornou-se técnico superior do Ministério dos Assuntos Sociais. De seguida foi vereador e depois presidente da Câmara. Assim, num instante, conseguiu a sua pensão. E desde então, na sua qualidade de pensionista, tem vindo a acumular nomeações. Ainda me recordo de o ouvir dizer que o metro estaria a funcionar em 2000! Será preciso lembrar ao PS que nos lembramos dele todos os dias em que há julgamento dos CTT, sempre que entramos em parques de estacionamento, aos domingos e em dias de névoa?

Manuel Machado faz-nos lembrar tudo aquilo que o PS fez de mal ao país nos últimos anos. Não guardamos boas memórias dele como Presidente da Câmara. Só nos lembramos da inércia a que estava votada a cidade e de esta ter votado em larga maioria contra ele. Depois da mudança Coimbra cresceu. Passou a ter uma rede de parques infantis, campos relvados, até uma frota de recolha de “lixo” renovada. Um Parque Verde do Mondego onde vamos com os nossos filhos e netos ao fim de semana. Mais recentemente, Madonna e o Eurogym brindaram-nos com a sua presença. Estamos muito melhor. Especialmente se não mexermos no passado… porque a esperança reside no futuro.

Mesmo que não se venha a concretizar, este triste episódio é uma valente machadada na cidade e deu para perceber a desconsideração que o PS tem para com Coimbra. Bem podem os socialistas da minha geração, e não só, escrever nos jornais da cidade acerca de renovação, de abertura à sociedade, dos princípios republicanos e de não eternização nos lugares. Da aposta em empresas qualificadas, em inovação e em gente qualificada. A escolha de Manuel Machado diz tudo. É pior que regresso ao passado. É retrocesso.

 

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