Se algumas dúvidas tinha quanto ao(s) tema(s) a abordar, elas foram totalmente dissipadas depois de ter conhecimento das decisões do Governo para a redução do deficit em 2010 e particularmente em 2011, com expressão no próximo Orçamento de Estado.
Disse o Primeiro-Ministro que as medidas anunciadas de redução séria nas despesas, em particular através dos salários da função pública e do aumento de impostos, IVA para 23% e diminuição das deduções fiscais, só foram tomadas agora porque este foi o momento do reconhecimento da difícil situação das contas públicas e não em Maio passado.
Ora aqui está um reconhecimento que é dificilmente aceitável.
Se recuarmos um ano – últimas eleições legislativas – facilmente nos lembramos dos debates televisivos de campanha e daquele ar optimista que ajudava a vencer eleições, mas escondia a real situação do País.
Já na altura era grave e pouco tempo depois surgiu a crise na verdadeira dimensão.
Depois o PEC 1, logo de seguida o PEC 2 e agora um PEC 3 com novo orçamento para mais um ano de aperto e contenção.
Tem havido uma tática de autêntico zig-zag que em nada tem credibilizado a governação.
Ainda recordo bem o lema de campanha que há um ano o PSD utilizava: “Falar Verdade”.
Era e é cada vez mais necessário falar verdade. E para isso, nada melhor que o Governo ter apresentado, já que não o fez até aqui, a real situação do País e os impactos dos PEC’s. E aí sim. Reconhecer que falharam, que as medidas foram insuficientes e que são necessárias mais ainda e bem duras.
Mas não!
O Governo prefere levar uns “puxões de orelhas” em Bruxelas, depois “chama” a Lisboa um senhor da OCDE e… pronto, toca a tomar mais medidas.
E o amanhã… a Deus pertence. Logo se verá.
Ora esta não é forma de se credibilizar perante os Portugueses. Este é o preço que estamos a pagar por tamanha incompetência. Mas como se tudo isto não bastasse, ainda agitou a bandeira da crise política com uma demissão se não for feita a sua vontade.
Este é, sem dúvida, um momento de apelo à responsabilidade política, mas também o é para lembrarmos os responsáveis pela situação.
Eu assim farei.