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Pinto Balsemão diz que políticos eleitos não se apercebem de desafios que enfrentam

01 de março às 18h23
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O jornalista, empresário e antigo primeiro-ministro de Portugal Francisco Pinto Balsemão considerou hoje que os políticos democraticamente eleitos não se apercebem dos grandes desafios que enfrentam, por andarem atarefados com “os seus casos e casinhos”.

“Na azáfama dos seus casos e casinhos, os políticos democraticamente eleitos parecem não se aperceber dos grandes desafios que enfrentam, num mundo onde, em terra, no mar e no ar, a sustentabilidade do planeta continua a ser posta em causa”, sustentou.

A Universidade de Coimbra (UC) celebra hoje o seu 734.º aniversário, tendo entregado durante a tarde de hoje o Prémio UC a Francisco Pinto Balsemão, o antigo primeiro-ministro de Portugal (1981-1983), que é também o fundador e atual presidente do conselho de administração do grupo Impresa.

Durante a cerimónia de comemoração do Dia da Universidade de Coimbra, Pinto Balsemão, de 86 anos, sublinhou que vivemos atualmente num mundo cada vez mais global, no entanto, cada vez mais dividido.

“Tudo isto me leva a perguntar: que democracia queremos e que democracia é possível, perante todos os novos desafios que surgiram nas últimas décadas e, em particular, já no século XXI?”, questionou.

Ao longo da sua intervenção, O presidente do grupo Impresa e fundador do PSD, aludiu a alguns dos problemas graves que enfrentaremos a curto prazo, nomeadamente com a guerra entre a Ucrânia e a Rússia, o futuro de Putin, China-Taiwan, conflitos diversos em África, alvoroços permanentes na América Latina e a incerteza quanto aos resultados das eleições presidenciais nos Estados Unidos.

“Tudo isto sem sabermos se haverá água, recursos naturais, energéticos, financeiros e técnicos para conduzir a nave a bom porto. É na procura de respostas a estas e outras perguntas que continuarei a empenhar-me”, assegurou.

Já o reitor da Universidade de Coimbra, Amílcar Falcão, aproveitou a cerimónia para criticar o silêncio dos candidatos às eleições legislativas de dia 10 de março, sobre as questões do Ensino Superior, Ciência e Inovação.

“É com bastante preocupação que verifico que, nos múltiplos debates entre as diferentes forças partidárias, não tenham sido feitas, até ao momento, referências explícitas ao Ensino Superior, Ciência e Inovação. Este silêncio é profundamente perturbador e muito preocupante, porque ou não existem ideias para o setor, ou não se lhe reconhece a sua importância para o país”, afirmou.

Em seu entender, pessoas mais qualificadas geram mais riqueza para o país e estão mais habilitadas a defender a democracia.

“Olhar para o Ensino Superior, Ciência e Inovação como algo acessório é um erro enorme que compromete as gerações futuras”, acrescentou.

Sobre o laureado deste ano com Prémio UC, Amílcar Falcão destacou o amplo currículo de Pinto Balsemão na construção e consolidação do regime democrático em que vivemos há meio século.

“Dedicado à causa pública desde o ocaso da ditadura, num percurso onde se inclui o exercício de alguns dos mais altos cargos da nação, como primeiro-ministro e conselheiro de Estado, o doutor Francisco Pinto Balsemão tem desempenhado um papel fundamental na promoção da liberdade de imprensa, condição essencial para uma sociedade democrática”, alegou.

De acordo com o reitor da UC, desde 1973, no Expresso, e mais tarde também na SIC, o premiado deu sempre voz à sociedade portuguesa e a assuntos que outros teriam preferido silenciar.

“O seu percurso de vida é, por isso, uma fonte de inspiração para todos nós e para as gerações futuras”, concluiu.

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