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Opinião: Polémico

26 de julho às 12 h40
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Eu sou assumido “parlador”. Nem sempre “palreio” bem, nem sempre me preocupa aquilo que divulgo no meu espaço público. Quero guardar ideias que me parecem importantes para análise dos problemas. Assim, na rede social em que muitos decidem seguir -me tenho posições construídas de opiniões que vou ler em múltiplos jornais e revistas. Leio bem espanhol, italiano, francês, inglês o que me acrescenta alguma transversalidade à língua materna que é o português. Gosto de ler ideias de pessoas bem fundamentadas, especializadas nos assuntos, viventes nos lugares em ebulição e desse modo acrescento sabedoria ao que eu acho. Esta é a parte sempre subjectiva e pode estar poluída pela ideologia, pela educação, pela religião, pela experiência de vida, pela cultura, pelos amigos em quem pensamos quando escrevemos. Eu acho não pode ser científico por estas razões. Eu tenho de achar pouco. Sejamos brejeiro : se eu comprar um aspirador que custa três mil euros posso achar que resolve a obstipação, mas acho mal! Se eu acreditar na razão do povo pergunto -lhe se Maria era virgem e acabo com o mistério da fé. Acabo mal. Se eu achar que os temporizadores de luz resolvem o custo da energia vou fazer urina a mover -me e muitas vezes fora do buraco. Acho mal! Se for buscar um cão ou um peixe para conversar, terei sempre razão, porque eles não vão responder argumentando. Escolhe mal.
Não gosto de dar bitaites e por essa razão publíco contraditório no FB que é gerido por uma aplicação chamada meta. Não penso que há pessoas a ler -me e a controlar -me, porque a realidade é mais fria. Quem me escrutina é uma aplicação, que se educa para mim, para os meus likes, os meus gostos, as coisas que abro e demoro um tempo a ver, fechando -me horizonte. A realidade é já um mecanismo de construção da opinião. Todos devíamos publicar coisas com que não estamos de acordo ou que nos contrariam. Todos devíamos fazer polémica com a meta para ser livres.
Eu luto por essa liberdade e por vezes replico pessoas que nunca disseram algo com que concordo. Mas essas pessoas escrevem bem, elaboram textos eloquentes e fundamentados, são pensadores livres que obviamente também tropeçam, também de enfrascam, também erram. De facto, eu leio todos eles (os que o tempo e a língua utilisada permitem) para editar os meus textos. Também corrijo o que escrevi quando alguém lhe encontra defeito ortográfico ou erro de dados. Já apaguei porque descobri que tinha errado. Aqui no jornal a polémica é pior porque não se pode apagar depois de impresso. É esta responsabilidade que limita a polémica da tinta sobre papel.
Nas redes sociais as pessoas estão sempre a tempo de melhorar, ou corrigir, ou apagar. A polémica aqui é para depois do meu fim. Não morre comigo, e por isso é intemporal!

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