Opinião: O último escândalo
Estamos a chegar ao nosso feriado nacional, e em Bruxelas isso significa uma grande festa portuguesa num enorme parque de Bruxelas, com sol, música, dança e vários stands de comida, bebida, associações locais, etc.
Este ano a festa, organizada sempre pela FAPB – Federação das Associações Portuguesas na Bélgica, é no domingo dia 8, e todos os anos é a mesma coisa: rancho e pimba, que é o que o povo gosta! Não são as minhas “celebrações da cultura portuguesa” favoritas, mas que diabo, se é o preço a pagar para comer uma sardinha na brasa e um chouriço grelhado, beber uma taça de tinto, ver gente feliz e estar com alguns amigos, vamos!
No programa, vários ranchos folclóricos sediados na Bélgica, uma marcha, um coral de cantos tradicionais do mundo e um DJ para o “sunset”, para além de dois cantores de música ligeira/popular/pimba: um português e uma brasileira. E aí é que ficou o caldo entornado!
O evento está este ano assombrado por esse ridículo “escândalo”, que tem consumido páginas e páginas de comentários racistas, xenófobos, chocantes, vergonhosos e inacreditáveis um pouco por todo o lado na comunidade lusa. Porque um coral misto, composto por pessoas de várias nacionalidades, tudo bem! Cantores pimba como representação da cultura portuguesa? Óptimo! Agora, uma cantora brasileira cantar numa festa de Portugal, parece ser o maior desaforo, a coisa mais inadmissível do mundo!
Os resultados catastróficos da extrema direita nas últimas eleições em Portugal legitimaram uma série de gente que estava escondida em cavernas, e que se sente mandatada para atirar os mais desprezíveis comentários em todas as oportunidades.
Tudo com os devidos erros ortográficos de quem não se preocupou em estudar a língua do “Portugal para os portugueses” que tanto defende (neste caso será “A Bélgica para os portugueses”?), nem em aprender a história de Portugal, que tanta falta lhes faz. Por isso continuo a dizer: a educação salva.



Emigrantes portugueses na Bélgica celebram o dia nacional no seu país de origem com tasquinhas à moda portuguesa e música portuguesa num parque de Bruxelas – tudo está bem.
Agora se emigrantes paquistanesas comem uma chamuça no Martim Moniz cai o Carmo e a Trindade…
Esses mesmos emigrantes portugueses, que maioritariamente votaram no racista e xenofobo Chega já pensaram que se tivessem um Chega a governar na Bélgica… eles próprios eram perseguidos por estarem a fazer festas “estrangeiras” no país deles?