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Opinião: O que Deus diz de mim?

27 de maio às 08h57
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Por vezes faz bem regressar às origens, à génese, ao ponto de partida, à razão pela qual tudo começou… O ritmo dos dias e o stress do quotidiano tiram-nos ADN, identidade; tiram-nos a força do princípio, o sonho da primeira hora e o desejo que inspirou o começo.

Muitas vezes cruzamos a vida com pessoas arrastadas, cansadas, a tentar fechar portas, capazes de ver apenas o que vai correr mal… pessoas centradas em si, nos seus direitos, nos seus espaços… pessoas irritadiças, mal dispostas, a escrever os dias apenas no livro das reclamações.

Precisamos de pessoas sorriso, com capacidade de entrega pelo bem comum, capazes de sonhar de forma disruptiva… Precisamos de pessoas leves sem deixarem de serem inteligentes, disponíveis sem deixarem de ter muitos compromissos.

As nossas cidades e a Igreja precisam de pessoas com mais leveza, com mais coragem, com mais simpatia, com mais entrega genuína… precisamos de pessoas feitas relação comprometida.

Se voltarmos às origens da fé, encontramos no livro Génesis (no primeiro capítulo do primeiro livro da Bíblia): “Deus disse:

‘Façamos o ser humano à nossa imagem, à nossa semelhança’.”
Mas que imagem é essa? Certamente que não será da ordem da fisionomia, dos olhos ou da cara; mas da ordem da identidade.

Mas quem é esse Deus que nos terá criado? Numa Carta, S. João diz que “Deus é Amor” ( 1Jo 4.8.16 ). Não um amor solitário, isolado, triste, pesado. Aliás o texto reforça o sentido quando diz que quem não ama não sabe quem é Deus.

O mais impressionante do texto da criação é o uso do plural – ‘façamos’ – à nossa imagem e à nossa semelhança. Não é um plural majestático, mas um plural que nos abre à possibilidade da Trindade.

O Deus cristão, para escândalo de muitos, é trinitário: é Pai, é Filho e é Espírito. É relação e comunhão, é unidade na diversidade.

Somos criados à sua imagem e semelhança – somos frutos da relação e criados para a relação, nascemos na comunhão e para a comunhão, por amor e para amar.

Deus revela-nos a nós o mais profundo de nós mesmos. Deus tri-unidade diz-nos que não somos feitos para a solidão, para as portas fechadas, para o egoísmo, a divisão, para a crítica permanente a tudo e a todos.
Por isso, fez tanto sentido, a festa que a Igreja Católica celebrou neste domingo – Solenidade da Santíssima Trindade.

Autoria de:

Nuno Santos

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