Opinião – O 25 de Abril de 1915

Na madrugada de 25 de Abril de 1915, os primeiros de 70 mil soldados, dos quais 20 mil Australianos e Neozelandeses, desembarcaram nas praias de Gallipoli, na Turquia, para virar rapidamente o rumo da guerra.
Contudo, o fado estava traçado e cerca de 12 mil ANZACs (Australian and New Zealand Army Corps) perderam a vida em menos de 8 meses.
Desde 1916 que o 25 de Abril na Austrália é o ANZAC Day – um dia solene de memória e respeito por quem lutou pela liberdade. Das vilas ao memorial da guerra da capital, multidões começam a juntar-se às 4h20 da madrugada, simbolizando o momento do desembarque dos soldados rumo ao destino fatal.
De uniformes engomados, medalhas ao peito e voz trémula, veteranos e familiares leem cartas e diários da guerra, memórias que ecoam no cheiro ao orvalho e fazem-nos viver o passado.
Às 5h30 o som das cornetas assinala o início do “Dawn Service” e segue-se um minuto de silêncio e olhos fixados numa mensagem: “para que nunca esqueçamos”.
Nasce o sol e vem o café com rum, pão com ovos e bacon – recordando o Gunfire Breakfast que os soldados comiam antes da batalha. O dia segue com tradições, paradas, discursos, biscoitos ANZAC, e joga-se o “Two Up”, um jogo simples de apostas com duas moedas e que unia as trincheiras.
Na Austrália brinca-se com tudo – política, religião, monarquia – tudo menos o ANZAC day. Desde a escola primária que se sente o peso da data através da assembleia ANZAC Day e o tom solene grava na memória coletiva: ninguém quer guerra, mas todos temos de estar dispostos a lutar pela liberdade.
Nesta data não há jogos políticos ou discursos saudosistas, apenas uma nação unida pela liberdade. Em tempos de populismo crescente, erosão democrática, e ameaças à liberdade, o 25 de Abril deve ser vivido de modo mais enfático, sério e ponderado, sem partidarismos ou oportunismos. É urgente educar, lembrar e unir, antes que seja tarde e tenhamos de lutar pela liberdade – novamente.