Opinião: O 25 de abril da África do Sul

A democracia de Nelson Mandela vai celebrar trinta anos no próximo dia 27 de abril. Esta semana, no discurso sobre o Estado da Nação, no parlamento, o Presidente Cyril Ramaphosa, destacou que o ANC governante “transformou a vida de milhões de sul-africanos, dando acesso às necessidades básicas da vida”; criando oportunidades “que nunca existiram antes”; assim como uma economia diversificada em que “minerais, produtos agrícolas e bens manufaturados cheguem a todos os cantos do mundo, ao mesmo tempo em que se criam empregos na África do Sul”.
“Á medida que crescemos a economia, estamos a torná-la mais inclusiva”, vincou o líder do antigo movimento de libertação nacionalista marxista-leninista, afirmando que no seu país está em curso uma “redistribuição revolucionária na agricultura, indústria e no empresariado que opera na África do Sul”.
No país pintado pelo antigo líder sindical, e atualmente multimilionário ao serviço do partido no poder – considerado de “pais das maravilhas” pela maioria dos partidos de oposição -, Ramaphosa afirmou que, “através da redistribuição, cerca de 25 por cento das terras agrícolas no país pertencem agora a sul-africanos negros”, aproximando-se de alcançar a “meta de 30 por cento até 2030”.
Ramaphosa avançou também que, desde 2020, o Governo de coligação do ANC, que integra o Partido Comunista da África do Sul (SACP) e a maior confederação sindical do país, COSATU, financiou cerca de 1.000 industriais negros, salientando ainda que cerca de 200.000 trabalhadores obtiveram ações nas empresas onde trabalham, elevando a propriedade [acionista] total de trabalhadores em empresas na África do Sul “para bem mais de meio milhão de trabalhadores”.
“Esta é a revolução: integrar mais negros na economia do país”, apontou Ramaphosa, salientando que: “Estamos a investir na nossa gente e a investir no seu futuro também”, rematou.
Todavia, o “país das maravilhas” apresentado na quinta-feira aos sul-africanos por Ramaphosa, a três meses das eleições gerais, contrasta com a realidade em que vivem mais de 60 milhões de habitantes, dos quais cerca de 41% encontram-se desempregados, e mais de 18,2 milhões na pobreza em dependência de subsídios sociais.