A Europa enfrenta atualmente uma conjuntura política complexa, marcada por desafios internos e externos que testam como nunca a sua coesão e influência global.

Internamente, observa-se uma crescente fragmentação política, com o brutal enfraquecimento do eixo franco-alemão, tradicional motor da integração e da economia europeia. A França lida com grosseira instabilidade governamental, após a queda do seu primeiro-ministro, deixando o Presidente com um parlamento dividido e sem possibilidade de convocar novas eleições até junho. A Alemanha, ainda atordoada com o enfraquecimento dos seus pilares económicos, viu as disputas políticas internas desagregarem a coligação governante, levando o seu Chanceler a convocar eleições antecipadas.

Externamente, a União Europeia enfrenta a necessidade de redefinir suas alianças estratégicas e reforçar sua autonomia em defesa e segurança. A reeleição de Trump nos Estados Unidos trouxe uma postura jamais experienciada, mais hostil em relação à Europa, evidenciada por discursos torturantes e políticas protecionistas que afetam as economias europeias. Paralelamente, a contínua agressão russa na Ucrânia e a situação vivida no Médio Oriente exigem da EU uma resposta muito mais coordenada e assertiva.

Neste cenário, é obrigatório, por urgente, que os líderes europeus fortaleçam a nossa união política e econômica, promovendo uma política externa comum e desenvolvendo capacidades de defesa próprias, sem descurar desafios internos como o avanço de forças nacionalistas, crises econômicas e a pungente falta de liderança, que complicam a implementação de uma estratégia coesa, exacerbando uma possível condição de declínio e de irrelevância no cenário internacional.