Mais do que uma placa, um símbolo de cultura e de arte. Assim é a toponímia de Macau, que se materializa num painel composto por azulejos vidrados, com um total de trinta centímetros de altura e sessenta de comprimento, fiel às genuínas tonalidades de azul e branco presentes na azulejaria portuguesa.
Nela coabitam o nome da rua em chinês e português. Contudo, nem sempre os caracteres chineses correspondem ao que se lê em português. Na Rua do Padre António, por exemplo, a tradução dos caracteres chineses significa Rua dos Edifícios Antigos, e a famosa Avenida Almeida Ribeiro, conhecida em chinês por San Ma Lou, traduzido para português seria Rua Nova dos Cavalos.
Segundo os últimos dados emitidos pelo Instituto para os Assuntos Municipais (IAM) existem em Macau 21 ruas com o nome de personalidades chinesas, 47 com nomes de santos e 222 homenageando personalidades estrangeiras, entre elas portuguesas.
Em tom de curiosidade, aquece-me o coração saber que a maior rua de Macau é a Avenida da Amizade, sentimento este que ganha imensuráveis proporções no bem-estar e quotidiano dos imigrantes e que, a nível pessoal e em modo de desabafo, estimo que perdure mutuamente na relação Ocidente/Oriente.
A minha rotina de afazeres e necessidades semanais leva-me a circular pela saudosa Rua de Coimbra, onde coincidentemente me é permitido desfrutar de uma torrada em pão português acompanhada de uma meia de leite, que me sabem a casa. Esporadicamente, por norma entre serpenteosos atalhos com o intuito de fintar o caótico trânsito, a discreta Rua da Figueira é responsável pelo meu nostálgico sorriso quando consigo visualmente projetar a imagem do extenso areal e a silhueta da Serra da Boa Viagem nas fachadas cegas das antigas e humildes habitações que caracterizam a dita rua.
Mais do que uma simples placa, a toponímia de Macau perpetua a memória da cultura, dos antepassados portugueses e das nossas origens.