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Opinião: A Via Láctea e Andrómeda podem não colidir!

23 de outubro às 10 h15
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Todos já devem ter ouvido dizer que daqui a cerca de 5000 milhões de anos o nosso Sol apaga-se. Sim, à luz do que hoje conhecemos isso é verdade. Vá, exageramos um bocadinho para simplificar. Depois de perder as suas camadas exteriores na sua fase de gigante vermelha, o nosso Sol tornar-se-á numa anã branca e continuará ainda a emitir luz, mas brilhando apenas 1% aquilo que hoje brilha.

Ficará a arrefecer lentamente, durante milhares de milhões de anos, até se tornar numa anã negra, ou seja, perder todo o brilho. Para termos uma ideia, uma anã branca a bilhar apenas 1% daquilo que o Sol hoje brilha dar-nos-á um céu com um brilho máximo igual àquilo que vemos 40 minutos depois do por-do-sol. Ou seja, ao meio-dia teremos um brilho parecido com o de o final do crepúsculo, mas ainda antes de ser noite.

Alguns terão já ouvido falar também que a nossa galáxia, a Via Láctea, irá um dia colidir com a Galáxia de Andrómeda — esta última, é também conhecida por M31 e por ser facilmente visível com um pequeno telescópio. E essa colisão deverá acontecer daqui a cerca de 5000 milhões de anos. Ou seja, para quem pensava que se calhar até podemos sobreviver mais um bocadinho ao “apagar” do nosso sol, irá confrontar-se com uma enormidade de estrelas no céu a passarem perto umas das outras, arrancando planetas umas à outras, espalhando asteroides e cometas por todo o lado… enfim, o Universo parece mesmo determinado em extinguir-nos em menos de 5000 milhões de anos. Por muito ricos que estejamos todos nessa altura com os juros de um certificado de aforro qualquer, parece ser difícil comprar a nossa sobrevivência.

Trago, porém, boas notícias. Se calhar a Via Láctea não vai colidir com Andrómeda. Bom, isso nada muda os planos da minha reforma, mas mudará os planos da reforma de alguém. Eu até acho que a Humanidade está “condenada” a existir para todo o sempre. Encontraremos maneira de viver em cidades no Espaço ou de nos mudarmos para outro planeta. Mas isso já é outro tema. O que interessa agora é que um trabalho de uma equipa de investigação liderada pelo astrónomo finlandês Till Sawala, publicado em agosto na revista Nature Astronomy, leva à conclusão que a colisão destas duas galáxia pode não acontecer.

A nossa Via Láctea, juntamente com a Galáxia de Andrómeda, a Grande Nuvem de Magalhães, a Pequena Nuvem de Magalhães e a Galáxia do Triângulo, pertence a um grupo de mais de 50 galáxias chamado de Grupo Local. Um dia, essas galáxias irão quase todas se juntar numa só. Todas as medições indicavam que a Via Látea e Andrómeda, que se aproximam a uma velocidade de cerca de 400000 km/h, seriam as primeiras do grupo a colidir/misturarem-se.

Porém, as novas e mais precisas medições obtidas com a missão espacial Gaia e o Telescópio Espacial Hubble, indicam que só há uma probabilidade de 50% de isso vir a acontecer. Ou seja, uma moeda ao ar. Talvez aconteça, talvez não aconteça. Por isso, não levantem já os certificado de aforro que daqui a 5000 milhões de anos podem dar jeito.

Imagem: Galáxia de Andrómeda

Autoria de:

Nuno Peixinho

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