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Opinião: A traição é uma arma da estabilidade

25 de outubro às 13 h17
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O ciúme é uma arma contra a propagação do contágio afectivo. Se gosto de ti e tu te dedicas muito a uma tarefa, posso começar a detestar essa função pelo tempo que te rouba de mim.
Temos de perceber que na empatia o contágio afectivo é uma das formas mais básicas. Podemos induzir gosto, com reforço a um membro da comunidade que contagiará outros por imitação, ou observação atenta das vantagens. A cultura dos grupos é baseada nas repetições de linguagem e de roupa e de trejeitos. Há uma agregação que vem da colectivização dos sucessos alheios e que nos identificam depois como membros da pandilha.
Deste modo chegou El Salvador ao estatuto de nação com mais bandas criminais e acabou com a maior prisão do mundo, onde se encerraram mais de cinquenta mil delinquentes identificáveis pelas tatuagens no pescoço e rosto.
Voltando à questão de origem, sabemos que na incerteza pode ser valorizado um estímulo ambíguo que pressupõe uma recompensa numa escolha. Ou seja, o bom humor de uns pode contagiar outros? Pressupomos que sim e que isso traga uma opção entre tarefas possíveis.
O voto pode ser influenciado deste modo? Claro que sim! O contraditório deste enviesamento inclui o ciúme, que tende a abafar aquilo que ocupa o amor. Se o amor observa, se o amor se entretém, se o amor se distrai, desconfia! O ciúme é uma tirania contra a liberdade e por essa razão muitos dos melhores acabam enganados, porque não duvidam. E o ciúme é feliz? Penso que não porque azeda em cada dia. O ciúme é como o leite que se vai convertendo em iogurte. Protege da traição, dirão os seus cultivadores. Pois eu acho que não! Protege dos devaneios e reduz o tempo de exposição do outro. Sim, possivelmente, mas aumenta o fascínio por trás da burka.
E todo este devaneio vem a propósito da minha relação com a vitória do PS Coimbra, que é relativa, pois entre os dois grandes fica o governo na mão do Chega com um vereador apenas. Eram realmente duas coligações num mundo em que muitos votam por básicas emoções e escolhem o partido como sempre estiveram no clube. Se o contágio afectivo sorrir a um dos do Juntos somos Coimbra teremos uma governação estável durante quatro anos. Acredito que lhe chamarão traidor, mas creio que seria o caminho mais fácil para a Presidente Abrunhosa. Reforço positivo e sexto vereador afectivo.

Pode ler a opinião de Diogo Cabrita a edição de hoje (26/10/25) do DIÁRIO AS BEIRAS

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