Opinião: A sempre jovem AAC
A Associação Académica de Coimbra (AAC) completou 134 anos no passado dia 3 de Novembro.
Uma bela idade, um passado riquíssimo, intimamente ligado a alguns dos mais relevantes momentos da História recente de Portugal.
Mas a AAC, embora orgulhosa desse seu passado, tem rejuvenescido em cada ano. Honrando as tradições seculares da Academia de Coimbra, tem também sabido sempre acompanhar a evolução da sociedade, adaptando-se às novas realidades e aos seus desafios.
Daí que continue a ser hoje, inquestionavelmente, a mais prestigiada das associações de estudantes portuguesas e uma das mais reputadas a nível internacional.
Para quem conhece menos bem a actual AAC, aqui fica este brevíssimo retrato, esboçado com números: cerca de 25 mil associados (estudantes da Universidade de Coimbra), 27 Secções Desportivas e 15 Secções Culturais!
As Secções estão centralizadas no edifício-sede – que, apesar das suas dimensões generosas, já se mostra acanhado para o fervilhar de tantas e tão variadas actividades, e vai ser objecto de algumas obras de beneficiação.
Um edifício que, recorde-se, surgiu na sequência de duas “Tomadas da Bastilha” (designação inspirada no célebre assalto à prisão da Bastilha, que marcou o início da Revolução Francesa em 14 de Julho de 1789 ).
A primeira, em 1920 (completam-se 101 anos no próximo dia 25 do corrente mês de Novembro), levada a cabo por 40 estudantes, que ocuparam o “Clube dos Lentes”, reivindicando mais espaço para a AAC – o que lhes foi concedido.
E a “Tomada da Bastilha II”, uma outra ocupação com o mesmo objectivo, efectuada em Maio de 1954 por um grupo de estudantes, entre os quais Polybio Serra e Silva (que, com os seus magníficos 94 anos, continua a ser um dos mais entusiastas elementos da Associação dos Antigos Estudantes de Coimbra).
Foi na sequência desta segunda “revolta estudantil” que o Governo de Salazar considerou justa a reivindicação dos estudantes de Coimbra, decidindo avançar com a construção da nova sede da AAC e do Teatro Académico de Gil Vicente, um complexo que viria a ser inaugurado em 1961 – ou seja, há exactamente 60 anos.
Mas a AAC, mais do que um edifício, é o reflexo do espírito da Academia, dos que nela habitam e daqueles que a dirigem (e tantas figuras marcantes dos mais variados sectores ali deram os primeiros passos enquanto dirigentes).
Por isso é justo que aqui deixe registada a minha admiração pelo actual Presidente da AAC, João Assunção, que agora vai cessar funções. Bem merece esta minha singela homenagem, pela forma como soube dirigir a Associação num ano que foi singular pelas piores razões, com a pandemia a deitar por terra tantos projectos, tantas actividades, tantos sonhos…
Com intenso trabalho, insuperável dedicação e com invulgar criatividade, João Assunção e os restantes elementos dos corpos gerentes da AAC, bem podem orgulhar-se do seu desempenho neste dificílimo mandato!