Opinião – À Mesa com Portugal – Queijo Flamengo
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Uma bola de Queijo Flamengo deixa-me sempre com fome. Podia comprar já fatiado, mas não. Gosto de levar para casa a minha bola de queijo, se possível, embrulhada naquela tira de plástico que me faz sonhar com o que está lá dentro. Depois, quando chego a casa, em vez de o colocar no frigorífico, deixo-o a repousar na cozinha para que, à hora de jantar, esteja mole e eu possa cortar uma grossa fatia que trinco gulosamente. É mesmo verdade, a casca vermelha em contraste com o tom amarelado do queijo faz-me salivar. Dia em que compre um Queijo Flamengo é dia de excesso. Depois, no quotidiano, fica arrumadinho no frigorífico de lá saindo apenas uma vez ao dia, logo pela manhã, para cortar uma fatia fininha que meto no pão torrado que acompanha o meu pequeno-almoço.
Aprecio um bom Queijo Flamengo e posso dizer que até tenho o meu top 3, o que me leva a ter que fazer pim, pam, pum, quando, encontro os 3 na mesma prateleira. Pareço uma criança a olhar a guloseima preferida sem saber qual escolher. Por isso, para mim, um Queijo Flamengo não tem menos valor do que um qualquer outro queijo que possa ter um reconhecimento DOP como o Serra da Estrela, o Terrincho ou o de Azeitão. Aceito o valor de todos, nunca recusando a excelência de cada um. Aceito, sobretudo, que não gosto de comer todos os dias queijos com alto teor de gordura e de sabor muito intenso. Esses ficam reservados para dias especiais. Adoro, pois, o ponto de equilíbrio e a versatilidade que o Queijo Flamengo tem.
Não sobra muito espaço para contar a aventura dos Queijos Flamengos em Portugal. Há que referir que foram feitas várias experiências não muito bem-sucedidas em finais do século XIX, sendo que é na década de 30 do século seguinte que se consegue aperfeiçoar a sua produção. A designação, como é bem de ver, está relacionada com uma tentativa de fazer um queijo parecido com o que era prática na Holanda, nomeadamente, o Edam. Também a sua propagação se cruza com a importância da vaca leiteira, que ficou conhecida como Turina, e que representa uma adaptação da holandesa às condições geográficas do nosso país.
De resto, saliento que, na produção de um Queijo Flamengo, apesar do teor industrial, não deixam de ser utilizadas práticas queijeiras que, pelo coalho e técnicas da salga e da cura utilizadas, atribuem caraterísticas que o tornam muito saboroso e muito desejado. Quem gosta de Queijo Flamengo?