Entrevista a Amílcar Falcão: “A ciência e a transferência do conhecimento fazem parte da nossa matriz identitária”
A investigação continua a ser uma prioridade para a Universidade de Coimbra (UC)? O que é que torna uma universidade apelativa do ponto de vista da investigação?
A investigação será sempre uma prioridade para a Universidade de Coimbra. A UC assume-se como uma universidade de investigação: a ciência e a transferência do conhecimento para a sociedade fazem parte da nossa matriz identitária. E a maior prova de que somos uma universidade apelativa é a nossa capacidade para angariar financiamento competitivo. A nossa carteira de Projetos e Atividades já supera os 400 milhões de euros (eram 180 milhões de euros em 2018). No Horizonte Europa (apenas durante os três primeiros anos), a UC já captou mais financiamento que na totalidade do quadro anterior, o Horizonte 2020 (sete anos). Nos maiores projetos europeus, os chamados Teamings, que têm uma competitividade tremenda, a UC tem dois em execução (Multidisciplinary Institute of Ageing) MIA Portugal e Gene T), sendo a única instituição portuguesa nesta situação. No meu tempo de reitor duplicámos o número de patentes ativas: já são mais de 400. Tudo isto são exemplos concretos da nossa robustez na investigação e inovação.
No último concurso de acesso ao ensino superior, a UC baixou alguns pontos no índice de atratividade. Que soluções podem ser tomadas para reverter esta tendência?
Há variações residuais todos os anos, mas a tendência é positiva: o nosso índice de atratividade é hoje claramente superior ao de 2019 e diz-nos que, para cada 100 vagas na UC, temos cerca de 120 estudantes em primeira opção. Ou seja, a procura não tem vindo a diminuir. O único problema – que é comum a muitas outras instituições do país – é que existem quatro ou cinco cursos onde a procura não tem preenchido todas as vagas disponibilizadas. Mas o balanço geral do último Concurso Nacional de Acesos ao Ensino Superior é muito positivo, com mais de 96% das vagas preenchidas logo na primeira fase.
Tem defendido a necessidade de reformar a oferta formativa. Em que fase está esse processo e que soluções poderão serão adotadas?
Será necessário um ajuste na oferta formativa, na sua qualidade e respetiva atratividade, nomeadamente nos cursos que referi anteriormente, que não preenchem todas as vagas disponíveis, mas não só. As dinâmicas de hoje não são as dinâmicas que existiam no passado, nem as que existirão no futuro: há áreas de saber a emergir que terão de estar mais reforçadas na nossa oferta formativa. E esse reforço pode e deve ser acompanhado pelo necessário rejuvenescimento do corpo docente. Estes são processos graduais, até para garantir que são executados com o máximo rigor e qualidade. A seu tempo se verão os seus resultados.
Ler entrevista completa na edição de hoje do DIÁRIO AS BEIRAS