Bienal Anozero quer público a refletir a partir da noite
Sob o mote “Meia-Noite”, a primeira parte da 4.ª edição da Anozero’21-22- Bienal de Arte Contemporânea de Coimbra foi inaugurada este sábado e pretende levar o público a conversar e refletir a partir de um ambiente noturno.
A Sala da Cidade, que foi transformada numa sala de projeção, tem patente, até 15 de janeiro, uma exposição-conversa do artista visual português, Carlos Bunga, que conta com 10 esculturas do Museu da Ciência da Universidade de Coimbra. Num ambiente escuro, para criar o ambiente da meia-noite, vão ser exibidas, nas próximas semanas, quatro películas cinematográficas: “Les Mains Négatives”, de Marguerite Duras; “Shadow-Machine”, de Elise Florenty & Marcel Turkowsky; “Le Carnaval”, de Sarah Muldoror e La Cabeza Mató a “Todos”, de Beatriz Santiago Muñoz. Os filmes estão enquadrados nos temas da Bienal e pretendem ajudar a pensar na arte como um lugar inclusivo e um bem comum.
Num “projeto de envolvimento, discussão e participação comunitária”, como é possível ler no cartaz de apresentação da iniciativa, temas como diversidade, igualdade, justiça social, produção de conhecimento ou a noite como espaço de resistência vão estar no centro de um diálogo que irá produzir “frutos” para o segundo momento do evento, que decorre entre 9 de abril e 26 de junho de 2022.
Um evento diferenciador
Na cerimónia de abertura, o presidente da Câmara de Coimbra, José Manuel Silva, destacou a importância do evento. “A Bienal tem vindo a afirmar- -se como um dos maiores eventos de arte contemporânea do país. Esta é uma iniciativa fantástica e este é um espaço para a nossa imaginação, fruição e interpretação”, realçou o autarca. Numa cerimónia que decorreu “às escuras”, para levar os presentes a submergir na temática da Bienal, o autarca saudou a aposta do anterior executivo na “magnífica iniciativa”, considerando que “a arte tem a capacidade de transportar para outra dimensão”.
“Esta noite é a noite em que podemos conversar todos”, sublinhou, tendo garantido que “é um orgulho” dar “as boas-vindas à Bienal”. A instalação de Carlos Bunga “é excelente e conjuga o passado com o presente”, elogiou.
Na cerimónia esteve também o vice-reitor da Universidade de Coimbra (UC), Delfim Leão. “O espaço que aqui se criou é notável. O desafio que a ideia da noite representa, em que estamos todos ao mesmo nível, sem as marcas de individualidade que nos distinguem é uma experiência especial”, frisou.
Numa Bienal que tem duas curadoras, Elfi Turpin e Filipa Oliveira e que, pela primeira em quatro edições, decorre em dois momentos, o vice-reitor espera que a noite “possa criar luz”. O diretor do Círculo de Artes Plásticas de Coimbra, Carlos Antunes, entidade que, em conjunto com a Câmara de Coimbra e da UC, organiza o evento, agradeceu o apoio “ e as condições criadas” pelo anterior e o atual executivo camarário para a realização da Bienal e deixou o mote para o evento: “Esta será a Bienal da participação. Este primeiro momento privilegia as conversas e é uma bela proposta do Carlos Bunga”.