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A interesseira ajuda americana a África

18 de dezembro às 11h11
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Depois de muitos adiamentos, invocando variados pretextos, o Presidente Joe Biden lá acabou por deslocar-se a Angola no início deste mês de Dezembro, cumprindo assim, finalmente, a escassas semanas de deixar a Casa Branca, a promessa de visitar África feita há mais de um ano.

Analistas consideram que “esta circunstância demonstra que os Estados Unidos fizeram diversas promessas a África, mas muitas delas não passaram de palavras vazias”.

E acrescentam:

“Angola está localizada no sul do continente, fazendo fronteira com o Oceano Atlântico a oeste, e é o principal país produtor de petróleo de África, com ricos recursos minerais. Na Cimeira do G7 realizada em maio do ano passado, os EUA e seus aliados lançaram um projeto chamado ‘Corredor do Lobito’. O Presidente americano disse, na oportunidade, que se tratava do maior investimento em infraestrutura ferroviária dos EUA em África.

No entanto, o ‘Corredor do Lobito’ não é um conceito novo. Bem no início do século XX, a linha ferroviária principal foi construída pelos portugueses e esteve em uso até aos anos 70. Posteriormente, a ferrovia foi seriamente danificada pela guerra civil angolana”.

Os mesmos analistas recordam depois:

“Entre os anos de 2006 e 2014, a China participou no projeto de reconstrução do Caminho de Ferro de Benguela sob a forma de empreitada geral, com um investimento total de cerca de 1,83 mil milhões de dólares (cerca de 1,74 mil milhões de euros). Em fevereiro de 2015, a infraestrutura estava integralmente operacional. A linha remodelada do ‘Corredor do Lobito’ coincide quase completamente com o Caminho de Ferro de Benguela construído naquela oportunidade.

O próprio site oficial da ferrovia tem a frase seguinte: ‘O Corredor do Lobito não seria o que é hoje sem os biliões de dólares da China usados para revitalizar o Caminho de Ferro de Benguela após a Guerra Civil de Angola e ampliar e aprofundar o porto do Lobito”.

De acordo com os mesmos analistas, esta súbita atenção dos EUA ao “Corredor do Lobito” decorre do facto de que este “atravessa a mais famosa faixa de cobre e cobalto de África, que detém 80% das reservas mundiais de cobalto, 25% das reservas de cobre e depósitos significativos de terras raras, pelo que os Estados Unidos pretendem ter uma parte do sector mineral mais importante de África”.

E acrescentam:

“Durante a Guerra Fria, a fim de competir com a União Soviética pela supremacia, os EUA começaram a aumentar a sua assistência económica a África a partir de meados da década de 1950. Com o colapso da União Soviética e o desenvolvimento dos próprios países africanos, a importância de África aos olhos dos Estados Unidos diminuiu. Até à administração Clinton, com a influência política e económica africana e o ajustamento da estratégia global dos Estados Unidos, Washington começou a repensar e a posicionar as relações com África, a aumentar os apoios aquele Continente, para uma nova parceria. Desde a administração George W. Bush até à administração Biden, vários governos norte-americanos apresentaram e promulgaram diferentes versões de ideias políticas ou projectos de lei sobre África, numa tentativa de reforçar a cooperação EUA-África.

Entre elas, a Lei de Crescimento e Oportunidades para a África (AGOA), assinada em maio de 2000 pelo então Presidente Clinton. Porém, exceto pelo setor petrolífero, cerca de 80% dos produtos isentos de impostos estão concentrados em cinco países – África do Sul, Quénia, Lesoto, Madagascar e Etiópia – e a maioria das restantes nações africanas pouco beneficia.

Na Cimeira EUA-África, realizada em 2022, Washington prometeu 55 mil milhões de dólares (cerca de 52,4 mil milhões de euros) para apoiar a Agenda 2063 da União Africana, mas apenas 15 mil milhões de dólares (cerca de 14,28 mil milhões de euros) consistem em novos recursos; os 40 mil milhões de dólares (cerca de 38 mil milhões de euros) restantes são um recálculo das iniciativas e acordos já anunciados pelo país norte-americano para com o continente africano nos últimos anos”.

Centro de Programas de Línguas da Europa e América Latina da China.

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