Património cultural em cidades como Coimbra pode funcionar como um peso – especialista

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O especialista britânico em sociologia das cidades Charles Landry afirmou hoje que o património em cidades como Coimbra, com uma história longa e rica, pode funcionar como um peso que acaba por dominar e sobrecarregar a urbe.

“Em cidades que têm um grande património cultural, há sempre a questão: é um peso ou é a espinha dorsal? É sempre um dilema. Glasgow, que tem uma grande história, de alguma forma conseguiram usá-la como confiança que puxa a cidade para a frente em vez de ser algo que sobrecarrega ou domina a cidade. Mas essa história longa pode ser avassaladora”, disse à agência Lusa o especialista em planeamento urbano e cultural, que participa hoje num seminário no âmbito do novo mestrado em Culturas Urbanas da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra.

Para se libertar desse peso, Charles Landry considera que a cidade “precisa de se surpreender e de surpreender os outros”.

Numa cidade que está sempre a falar do seu potencial, o especialista considera que é preciso tornar esse potencial “visível”.

“Tem de haver um caminho e um propósito, assim como algo que simboliza essa ambição”, refere, acreditando que, do pouco conhecimento que tem da cidade, Coimbra poderia ser uma espécie de Cambridge do mundo lusófono.

Tal como Cambridge tem junto a “edifícios antigos novas extensões”, Charles Landry acredita que esse diálogo do espaço físico entre o novo e o velho seria importante numa cidade como Coimbra, para tornar visível o presente.

“Cambridge está no centro de um corredor de inovação e consegue-se sentir isso, apesar dos edifícios antigos, porque há edifícios modernos, onde é feita investigação avançada”, salientou.

Para o especialista, uma cidade criativa precisa de criar condições para que as pessoas, organizações e a própria cidade possam “pensar, agir e planear com imaginação”.

“Tem de haver capacidade de aprender, crescer e tornar-se melhor, é preciso um regime de incentivos e impulsos, uma atitude profissional da administração e uma forma da cidade comunicar entre ela e com o mundo exterior”, defendeu.

Segundo Charles Landry, um dos erros comuns no mau planeamento urbanístico passa por concentrá-lo e dá-lo a profissionais das engenharias e arquitetura, considerando que para se pensar e planear uma cidade é preciso “equipas integradas, multidisciplinares, com perspetivas diversas”, nomeadamente com pessoas das ciências sociais.

“Há várias disciplinas que são ignoradas quando se pensa uma cidade”, referiu, lamentando que, muitas vezes, os municípios estejam simplesmente focados “em questões físicas”.

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