Futuros médicos “devem ter competências muito para além da sua formação médica”

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Acaba de ser reeleito para um terceiro mandato à frente da direção da FMUC. O que lhe falta cumprir?

Algumas das iniciativas propostas nos planos anteriores não estão completadas, muito por força de impossibilidade decorrente de condições adversas. Esta é, pois, uma oportunidade de maturação, numa linha de continuidade, que considero relevante a três níveis: a) no Ensino, com a revisão curricular do Mestrado Integrado de Medicina e do Mestrado Integrado de Medicina Dentária, na atualização e modernização dos respetivos conteúdos; b) na Investigação, com o reforço e operacionalização da íntima colaboração entre a ciência básica e a ciência clínica, promovendo investigação de translação com a criação de programas científicos para as áreas estratégicas da FMUC e para áreas que se reconheçam como emergentes; c) na Articulação com outras entidades, com a consolidação do Centro Académico e Clínico na procura de soluções que permitam, não apenas alocar tempo protegido a clínicos para a investigação e progressão académica, mas também a criação de uma estrutura facilitadora da translação da investigação fundamental e do desenvolvimento de diversos modelos de investigação clínica.

O Serviço Nacional de Saúde (SNS) enfrenta dias difíceis. A classe médica não tem sido bem tratada?

É amplamente reconhecido que não, bastando dizer que, nos últimos 10 anos, quem mais perdeu poder de compra, em Portugal, foram os médicos e os investigadores. Além das questões remuneratórias, a desvalorização das carreiras médicas e a “urgencialização” dos cuidados de saúde são, entre outros, problemas a resolver com urgência, sob pena de desertificar o SNS, que deverá ser encarado cada vez mais como sistema nacional de saúde, promovendo cooperação e articulação entre os setores público, privado e social. Um bom (mau) exemplo da pouca atratividade atual do SNS traduz-se no facto de, no concurso nacional de acesso à especialidade, que terminou na passada semana, 21,2 por cento dos candidatos terem optado por não escolher nenhuma especialidade, tendo ficado 407 vagas por preencher (18,2 por cento do total de vagas).

O ensino e a mudança de paradigma na formação de médicos em Portugal foram aspetos que disse serem essenciais. Que mudança é que defende?

A mudança que decorre da promoção de múltiplas competências dos futuros médicos, muito para além da sua formação médica específica, e que incluem competências na área da comunicação, da liderança, da gestão, da investigação, da ética, do humanismo, entre muitas outras. Esse curriculum novo deve ser construído pelo próprio estudante, na escolha de unidades opcionais que promovem estas soft skills. A mudança passa também pela promoção da auto-aprendizagem, através da utilização crescente de plataformas de simulação, e pela consolidação de mecanismos de definição dos gestos obrigatórios que o futuro médico deve dominar no final do seu curso. Trata-se, assim, de formar pessoas e não apenas médicos e médicos dentistas.

Ler entrevista completa na edição impressa e digital de hoje do DIÁRIO AS BEIRAS

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