Opinião: Como mudar de paradigma?

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A generalidade dos portugueses continua a reclamar dos custos de vida, dos problemas da saúde, da justiça, da educação, etc., de um modo geral, pedindo melhores condições laborais. Curioso é que já não são apenas as questões salariais que se levantam (e essas envelheceram no tempo), mas quantas vezes são mais ainda as condições de trabalho (instalações degradadas, pessoal insuficiente, qualidade dos equipamentos, burocracias…) que se reivindicam.
Enquanto isto, o Governo continua a fazer ouvidos moucos, dizendo que está tudo bem num País que todos vemos mal e, pior ainda, aparentemente amorfo. E amorfo porquê? Porque, de repente, a Comunicação Social lança para o ar qualquer “caso ou casinho” e, logo, todos os canais de TV e todos os periódicos se focam sobre a notícia … e todos passam a discuti-la … folga que o Primeiro Ministro aproveita (em regra em estratégico silêncio) porque, entretanto, se não discutem os verdadeiros (e graves) problemas do País.
E o pior é que quando esse “caso ou casinho” deixa de ter interesse, logo surge outro!… Na realidade, os problemas reais dos diversos sectores da vida política e económica do País vão-se tornando um paradigma sem futuro.
Hoje, vou focar-me essencialmente na Educação … há muito a ir por caminhos enviesados!…
Chegamos ao fim de um ano lectivo percorrendo um caminho verdadeiramente caótico:
Na plateia estão os portugueses, incluindo os pais dos alunos. No palco estão os alunos (principais vítimas), os professores e o Ministério da Educação (com o aval do Primeiro Ministro). As peças caóticas foram-se sucedendo no palco, com a participação dos vários intervenientes: O Ministério da Educação escolheu a solução do “braço-de-ferro”! Os professores adoptaram inesperadas formas de luta (e não desistem dela) pelas suas reivindicações que consideram justas e tardias! Os alunos olham e aguentam!… E a plateia?!…
Os danos causados na aprendizagem e na educação dos alunos são incalculáveis (só talvez daqui a uns anos avaliáveis…), o prestígio que outrora rodeava os professores vai-se desfazendo!… O tipo de greves e manifestações e a sua continuação ao longo do ano conduziu a uma situação mergulhada num contexto para já inultrapassável, mas cuja responsabilidade maior é do Governo … por fugir às negociações, falhar na capacidade (e transparência) de diálogo, faltar aos consensos. Governar e impor com “braço-de-ferro” não tem ciência e cheira a ditadura. Ouvir os interessados é democracia – muitas vezes difícil de executar, mas que, com cedências de parte a parte, acaba sempre por chegar a bom porto! Os aumentos salariais, a melhoria das condições laborais, o problema do congelamento de carreiras, etc. são alguns dos problemas que deveriam ser debatidos com transparência e espírito construtivo e merecer da parte do Governo algum esforço, de modo a chegar-se a um consenso.
O papel do professor, outrora respeitado, é hoje melindroso (porque fruto de “contextos modernos” que urge analisar): para uns é injusto, para outros injustiçado. Se a Escola não for redimensionada, se o Ministério da Educação continuar a ignorar os professores e não lhes der condições e estímulo para que sejam bons profissionais criando equipas pedagógicas com desejos, interesses e preocupações para com os seus alunos, tenho muitas dúvidas que possa vir a ser criado um novo paradigma.
Junto-me a Einstein e transcrevo as suas palavras: “Loucura é querer resultados diferentes fazendo tudo exactamente igual”. E nós estamos a cometer a loucura de deixar que – e
em muitos outros campos que não apenas o dos professores – os nossos melhores jovens não ajudem a crescer Portugal e passem para outros Países.

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