Opinião: É demasiado fácil usar o nome da Democracia em vão

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Do ponto de vista da Democracia, aqueles que hoje enchem títulos de jornais e entrevistas televisivas a criticar o comportamento de José Sócrates enquanto primeiro-ministro de governos a que pertenceram, deviam antes exigir sérias reflexões sobre o que aconteceu entre 2005 e 2011.
A Democracia que permitiu ao PS governar terá sido, afinal, uma Tirania ou uma Ditadura? Acho que não, mas das afirmações que se têm ouvido, mais parece que Sócrates governou sozinho e que quem a seu lado esteve não passa hoje de mais uma vítima entre os demais portugueses. Até podem ter sido, mas essa não é para mim a questão democrática sobre a qual deveríamos reflectir, em primeiro lugar quem com Sócrates governou.
Sem querer estar a atribuir culpas, consideraria importante para a Democracia perceber em que medida as decisões de Estado nos negócios que envolveram a OPA da Sonae à PT e afins, do TGV, Parque Escolar, ou dos financiamentos de Vale do Lobo foram, em primeira mão, justificadas ou não e, em segundo lugar, qual a verdadeira influência do então primeiro-ministro na tomada de decisão final.
De seguida, tentar perceber se nesse processo decisório houve alguma fiscalização ou controlo preventivo e, se não existiu, se foi porque pura e simplesmente não existia ou, em alternativa, porque não foram activados os mecanismos eventualmente disponíveis. Nesta última opção, seria importante perceber porquê. Este escrutínio, mesmo à data de hoje, não seria inútil, pois poderia vir a prevenir, minimizando o risco, de actuações futuras, independentemente de quem nos venha a governar. Em Democracia.
Por mais imperfeita que seja, é pela Democracia que vale a pena lutar.

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