Opinião: Ainda o voto dos emigrantes

Posted by
Spread the love

Dia 23 de janeiro entro no carro e preparo-me para fazer uma viagem de cerca de quarenta minutos até ao Consulado Português de Newark e desta forma poder exercer o meu direito de voto.
As Presidenciais são as únicas eleições que requerem o voto presencial dos emigrantes nos consulados e embaixadas portuguesas, o que acarreta uma série de problemas. Um deles prende-se com o facto da rede de embaixadas e consulados portugueses ser cada vez menor e manifestamente insuficiente; no caso concreto do Consulado Português de Newark, este serve os estados de New Jersey, Pensilvânia e Delaware, o que significa distancias de centenas de quilómetros que muitos eleitores terão de fazer, de carro, de comboio ou mesmo avião se quiserem votar. E tudo isto agravado pelas questōes que se prendem com a pandemia.
A votação por portugueses no estrangeiro foi alargada a dois dias e os emigrantes começaram a votar no dia 23 mas apesar disso, quando cheguei ao Consulado éramos apenas 4 os que estávamos ali para exercer o nosso direito cívico. Eu vivo “ao lado” do Consulado, por isso para mim foi relativamente fácil deslocar-me o equivalente a 40 quilómetros. Relembro que este Consulado serve três estados e que tem 78 mil cidadãos portugueses inscritos sendo que destes apenas 17900 estão recenceados, e nestas eleições votaram 305 eleitores, o que corresponde a uma taxa de abstenção de 98,3%.
Esta situação não é nova mas agravou-se pelo facto de que estas eleições decorreram durante uma pandemia e por ser obrigatório o voto presencial. Existem cerca de milhão e meio de eleitores emigrantes recenceados espalhados por 186 países do mundo, por isso parece ser urgente que a Assembleia da República avance de uma vez por todas para as alteraçōes na lei que permitam acabar com esta situação profundamente injusta. O argumento utilizado de que os portugueses que vivem fora do país estão afastados da realidade nacional não faz qualquer sentido, para além de que é profundamente discriminatório. Fica aqui um apelo para que durante o novo mandato do Presidente Marcelo Rebelo de Sousa, este cumpra com a intenção da introdução do voto por correspondência nas Presidenciais para todos os portugueses residentes no estrangeiro.

Pode ler a opinião na edição impressa e digital do DIÁRIO AS BEIRAS

Leave a Reply

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

*

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.