Opinião – Tradições natalícias polémicas

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Num dos países mais liberais e abertos à imigração da Europa, não deixa de ser curioso que a Bélgica se veja, nesta quadra natalícia, associada a acusações de racismo. A cada Dezembro o problema é sempre o mesmo: o ajudante de São Nicolau, caricaturado como negro, desgrenhado e assombroso.
Os presentes chegam às crianças belgas a 6 de Dezembro, quando o Santo distribui guloseimas e presentes em desfiles pelas ruas ou em visitas às escolas, com a colaboração do seu ajudante, uma criatura assustadora, armada de um chicote, de quem as crianças fugiam (como um “papão”), e que tradicionalmente punia as crianças mal comportadas.
Este personagem, nascido na Bélgica e Holanda (aparentemente há cinco séculos), lembra para alguns o pesado passado colonial destes países, o que tem suscitado protestos crescentes a cada ano, com acusações de racismo e discriminação.
Os anos aligeiraram essa tradição e conta-se agora que o “Zwarte Piet” (Pedro preto) ou “père fouettard” (padre chicote) tem essa cor escura devido à fuligem das chaminés que desce para efectuar a distribuição de presentes. Em algumas localidades o ajudante de São Nicolau já não aparece e noutras já não pinta totalmente a cara de preto mas apenas com alguns riscos de fuligem.
O que é certo é que a polémica não se atenua e, mesmo com o recolhimento imposto pela pandemia, houve este ano confrontos entre polícia e manifestantes aqui ao lado, em Maastricht, num protesto organizado pela associação “Kick Out Black Pete”. Na Bélgica, é daqueles assuntos recorrentes, sazonais, e nesta altura já só aguardamos o São Nicolau do próximo ano e suas novas polémicas.

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