Opinião – A reedição dos “Três Porquinhos”

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Todos nós conhecemos a história dos três porquinhos mas a maioria nunca lhe deu a devida atenção, caso contrário a história não se teria repetido tantas vezes e não se ia repetir mais uma vez.
Basta ler as redes sociais, ouvir os parceiros sociais e ver os noticiários, para constatar que a esmagadora maioria dos portugueses está convencida de que o governo português, se quiser, consegue manter, pelo tempo que for preciso, o Serviço Nacional de Saúde a funcionar e o povo fechado em casa, garantindo-lhe os salários, pensões e subsídios. Isto apesar de António Costa ter sido absolutamente claro ao explicar que o Governo só ia conseguir aguentar os próximos três meses porque existe um grande número de portugueses a trabalhar e a arriscar a sua vida para que nada falte àqueles que ficam em casa com salário garantido. A alternativa não é entre “salvar vidas” e a “economia”, pela razão óbvia que, sem economia, é impossível “salvar vidas”. Aliás, se o importante fosse “salvar vidas”, já se tinham aberto as fronteiras da Europa aos milhões de migrantes que fogem à fome, à miséria e às doenças e que se encontram a viver em condições sub-humanas. A economia que se lixe! Ou as únicas vidas que importa salvar, afinal, são as nossas?
A COVID-19 é um autêntico terramoto que está a abalar fortemente as nossas vidas mas o tsunami que se lhe vai seguir é que vai ser verdadeiramente devastador. O Governo, no combate à pandemia, como explicou António Costa, vai gastar, nos próximos três meses, o que tem e o que não tem, bem sabendo que, a partir daqui, vai ficar nas mãos da Alemanha. Ou seja, nas mãos do odiado porquinho, com que todos gozam e todos detestam, quando o Lobo Mau está longe, mas, para onde todos os europeus correm em busca de abrigo, quando o Lobo Mau, com um sopro, deita por terra as suas frágeis e mal construídas casinhas.
Neste momento, ainda não estamos nesta fase. Neste momento, estamos na fase em que o porquinho que construiu a sua casa com palha se abriga dentro dela para se proteger do Lobo Mau. É precisamente aqui, dentro das nossas casinhas, cumprindo o estado de emergência, que nos encontramos neste momento, enquanto o Lobo Mau enche o peito de ar.
Só daqui a três meses é que o Lobo Mau vai soprar com toda a força e varrer a nossa casa do mapa. E se a Alemanha não nos abrir a porta, não temos salvação. É nas mãos da Alemanha que António Costa (e eu) deposita o destino de Portugal mas tenho receio que, desta vez, os alemães temam que a sua casa seja pequena para albergar tanta gente.
O problema, obviamente, não são os porquinhos portugueses que cabem num buraco qualquer. O problema é a Espanha, a França e, sobretudo, a Itália que ainda há bem pouco tempo, na sua imensa irresponsabilidade, ameaçava romper com a estabilidade da zona euro e sair da UE. Ou seja, países com um peso demasiado grande e, ainda por cima, pouco fiáveis para serem carregados às costas por um único país por muito grande que seja. E sem a ajuda da Alemanha, a Itália entra em bancarrota e com ela arrasta toda a zona euro, correndo o risco de fazer implodir a União Europeia. E se isso suceder… Eu preferia não estar cá para ver!

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