Na próxima década , as designadas baixas das cidades de média dimensão , à escala portuguesa, poderão ser fonte de valorização económica e de consequente criação de emprego.
Todos nos lembramos de Coimbra há 10 ou 15 anos atrás, pelo que é justo reconhecer que, hoje, aquela parte da cidade está melhor. Apesar disso, são inúmeros os prédios devolutos e a falta de intervenção pública que poderia ser alavanca de desenvolvimento. Nestas, é unânime e urgente a intervenção no parque verde, junto ao Mondego, as agoiradas obras da marginal ao rio, de um lado e do outro, uma intervenção de fundo na rua da Sofia que tem uma riqueza patrimonial e monumental ímpar, a valorização da praça velha ou do praça do comércio, estimulando privados , dando espaço à sua criatividade e exploração de espaços de esplanadas, sem preconceitos ou conservadorismos arquitetónicos à antiga.
A este propósito, por vezes, dá vontade de convidar quem decide, técnicos e políticos, a visitarem outras cidades europeias que, com espaços menos nobres, conseguem criar spots de fruição para residentes e turistas. Por falar em esplanadas, sugiro que a política camarária e respectivos regulamentos sejam revistos, de modo a estimularem, em lugar de cercearem os pequenos investidores privados. Depois, voltando à baixa, é importante a fixação de empresas e serviços, mas é essencial trazer novos habitantes. Naturalmente que para isso, é preciso estimular famílias a irem viver para lá. É preciso segurança , é preciso que eventualmente os parques públicos de estacionamento tenham condições especiais para essas famílias, que eventualmente haja bonificações e até algumas isenções de taxas e impostos municipais, para quem ali viva, como primeira habitação, entre outras medidas que promovam a dinamização social e económica destes espaços. No caso de Coimbra, temos a sorte de ter uma baixa incrível, com muito património, com a ligação aos Paços da Universidade, com um rio magnífico que a divide e que a enquadra, e com vários recantos únicos que a tornam especial.
Para além disto, fazer coisas simples, como cuidar bem os espaços de jardim ou até colocar flores nas principais ruas, são pequenas ações que enriquecem e tornam os espaços mais atrativos. Para terminar, o Choupal bem precisa que também alguém lá passe e recupere coisas básicas. Os espaços desportivos estão degradados , com tabelas de basquete a cair , balizas enferrujadas, mata por limpar , nenhum suporte de interpretação das plantas e árvores, ou um circuito pedonal com taludes cheios de silvas e por tratar. Muitos locais inventam caminhos e passadiços, Coimbra tem isso tudo, mas não os cuida.