O Governo anunciou hoje uma iniciativa designada Roteiros de Defesa Nacional, em parceria com os municípios e regiões autónomas, para debater e aproximar as Forças Armadas da sociedade, que começará por Vila Real, Lamego e Baião.
Este anúncio foi feito pelo ministro da Defesa Nacional, João Gomes Cravinho, nas celebrações do Dia da Academia Militar, que comemora 230 anos, num discurso em que voltou a apelar à incorporação de mais mulheres nas Forças Armadas.
“Iremos em breve inaugurar uma nova iniciativa à qual demos o nome de Roteiros de Defesa Nacional. Os Roteiros de Defesa Nacional pretendem criar oportunidades para debater a Defesa Nacional em diferentes regiões do território português e com diferentes elementos da nossa sociedade, em parceria estreita com os municípios e os governos regionais”, declarou.
O ministro, que falava numa cerimónia militar em parada, nas instalações da Academia Militar, em Lisboa, acrescentou que esses roteiros terão início “já este mês, em Vila Real, Lamego e Baião” e “pretendem criar novas oportunidades de proximidade entre decisores e cidadãos, entre os níveis intermédios da Administração Pública e o poder central, envolvendo também a família militar que faz todos os dias acontecer a Defesa Nacional”.
João Gomes Cravinho referiu que “os municípios são, aliás, parceiros de longa data da Defesa Nacional” e considerou que “a sua ação permanece incontornável” na aproximação à sociedade que o Governo elegeu como prioridade.
Antes, o ministro destacou “a implementação do primeiro curso de formação de formadores de género, em linha com os compromissos assumidos no Plano Setorial de Defesa Nacional para a Igualdade”, lembrando o repto que deixou há um ano para que a Academia Militar aumentasse o número de alunas, para lá dos 10%.
“É com grato prazer que vejo que as minhas palavras tiveram eco e que hoje estamos muito próximo dos 12%. Há que continuar a trilhar estes caminhos”, defendeu, enquadrando esta questão como “de igualdade democrática”.
“É também uma questão pragmática, num momento em que lidamos com importantes desafios no recrutamento e na retenção de efetivos, mas é também um desafio importante em termos da melhoria constante das nossas Forças Armadas, pois as mulheres trazem mais-valias qualitativas e importantes às fileiras”, argumentou.
Depois, lançou um novo repto à Academia Militar: “Que se pense também em novas formas de ir ao encontro dos nossos jovens e de trabalhar com as escolas, porventura em parceria com o Instituto de Defesa Nacional, para apresentar a Defesa Nacional, dar a conhecer, informar e debater”.
A Academia Militar é um estabelecimento de ensino superior militar que tem o seu antecedente histórico na Academia Real de Fortificação, Artilharia e Desenho, criada por D. Maria I em 1790.
Esta instituição que forma oficiais destinados aos quadros permanentes do Exército e da Guarda Nacional Republicana (GNR) tem atualmente 444 alunos, 22 dos quais de países africanos de língua portuguesa.
O ministro da Defesa elogiou a forma como o major-general João Vieira Borges tem liderado esta instituição e salientou a importância do estudo da história militar.
“Vivendo nós tempos de enorme conturbação e incerteza, o conhecimento aprofundado da história deve informar-nos com as lições do passado, evitando analogias simplistas nas difíceis escolhas atuais”, disse.
O major-general Vieira Borges, que discursou antes do ministro, elencou os desafios da Academia Militar a curto prazo, que incluem “reestruturar os ciclos de estudo em mestrados não integrados, qualificar o corpo docente e melhorar os métodos pedagógicos” e “reforçar o peso da internacionalização”, por exemplo, “investindo em semestres internacionais”.
A Academia Militar está empenhada em “reforçar a ligação à sociedade civil” e pretende “melhorar a funcionalidade e habitabilidade das instalações, em especial aqui em Lisboa”, adiantou.
O comandante da Academia Militar destacou o processo de recrutamento realizado no último ano “que teve 1040 candidatos para as 99 vagas autorizadas, 69 para o Exército e 30 para a Guarda” e “o primeiro curso de formação de formadores de género, que veio ao encontro do aumento da percentagem de alunas para os 12%”.
“Estamos orgulhosos do que fizemos, mas com a consciência e a vontade de fazermos melhor em 2020”, afirmou.