Opinião: Pouquidades

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Vivemos um tempo de voracidade desmedida não só da banca mas também das grandes empresas, obrigando o Governo a colocar menos dinheiro na Educação, Cultura e muitas mais necessidade sociais. Mas, sentindo a necessidade de suavizar os problemas dos estudantes e suas famílias, reduziu as propinas. Mas, logo:
“O reitor da Universidade de Coimbra, João Gabriel Silva, diz que a redução do valor das propinas, anunciada pelo Governo, representa um corte de 3,1 milhões de euros no orçamento da universidade.1 ” (Diário As Beiras, 6 de Novembro de 2018, p. 4 ).

Antes: “Em 9 de Maio de 1537 já a Universidade se queixava ao Rei de que os mantimentos eram muito pouco e os estudantes eram muito mal providos pela sua pouquidade, que fazia deter o que estavam para vir e o por isso se insistiu pela «provisão da franqueza» já antes pedida.” .

Nesta altura, o problema maior era prover às necessidades da Côrte e dos nobres que faziam a “entourage” o Rei, que vendeu o seu Palácio em Coimbra para conseguir manter todos estes bem alimentados. E quem sofria eram os estudantes deslocados de Lisboa para Coimbra. Agora, fazendo ver que está tudo melhor, o governo melhorou as condições de vida dos estudantes, mas abriu brechas no orçamento das Escolas do Ensino Superior já visivelmente subfinanciadas, continuadamente mal apetrechadas e com docentes e funcionários com carreiras congeladas. Tudo se replica como desânimo por que se estende ao Ensino não Superior, aos enfermeiros, até aos juízes, etc., etc..

Tudo está por isso demasiado complicado e torna-se ainda mais quando há uns “barões”, pouco valorosos, que sugam o estado para aumentar lucros ou colmatar prejuízos que a sua má cabeça vai gerando, recebendo perdão de dívidas, subalimentando-se assim os demais órgãos do todo nacional.

Falta-nos em todo este processo um aparelho judicial e policial capaz de investigar o que faz adoecer o tecido social, limitando a extensão da gangrena que o faz apodrecer. Bem pelo contrário, somos todos os dias confrontados com decisões incompreensíveis de juízes que permitem a contínua impunidade de comportamentos criminosos. E como já estamos avisados pelo caso Sérgio Moro, temos de desconfiar, até por termos cá alguns casos comprovados, que nos fazem pensar que a balança cega da justiça está mesmo mal aferida.

Estamos deste modo perante a necessidade de aplicar medidas de aferição dos pesos e medidas que devem regular a nossa vida coletiva.

Assim não admira que muitos valores humanos e materiais se percam, sendo isso visível no envelhecimento de profissões como é a dos professores e também das cidades onde vivemos.

1 José Pinto Loureiro – A Administração Coimbrã no Século XVI – Elementos para a sua História, in Boletim da Biblioteca Municipal, Diretor J. Pinto Loureiro, vol. V, Coimbra 1940, pp. 1-207, p.23

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