Opinião: Fumarada

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Durante 48 horas convivemos com fumo de uma queimada de sobrantes de jardim e mato. Apesar dos contactos e queixas, Bombeiros, PSP, Proteção Civil e Câmara Municipal, nada impediu o proprietário da quinta, queimou tudo o que pode. Ainda cheira a incêndio e fogo florestal, as cinzas são visíveis nos carros.

Isto aconteceu na rua onde mora o atual presidente da Assembleia Municipal. Uma zona densamente povoada, com muita gente idosa, logo mais sensível ao contacto persistente com grandes quantidades de fumo.

Podemos tirar várias ilações deste faits-divers. Em primeiro lugar a Câmara Municipal autoriza queimadas em perímetro urbano, indiferente ao prejuízo causado pelo fumo. A Câmara assume esta decisão porque não tem alternativas funcionais aos resíduos verdes e de jardim. Em outras cidades e concelhos, há ecocentros e locais para a deposição dos resíduos verdes de jardim e até florestais. Estes são aproveitados, por compostagem, para produzir fertilizantes naturais.

Em segundo lugar, vive-se um sentimento de impunidade. Se os grandes podem poluir (a Celtejo) “nós, pequenos proprietários, também podemos queimar os resíduos”.

A Quinta onde se deu a queimada é um oásis de natureza. Tem um papel importante para a cidade, as suas árvores e matos são o refúgio de várias espécies. Mas, as obrigações legais (?) levaram ao corte de grande número de árvores. Temo que a tendência de excesso de zelo na prevenção de fogos conduza à perda de matos e espaços naturais dentro da cidade.

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