Opinião: Ensino de Adultos

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Um dos problemas criados pelos últimos governos na educação foi a paragem do ensino noturno que, em muitos países, é uma primeira oportunidade e por vezes uma segunda oportunidade para quem não pôde ou não quis aproveitar a primeira.

De facto, desde que se saiba ler e ouvir com atenção os colegas de trabalho, é possível aprender quase tudo, mas em 1817 tudo era bem mais difícil, pois as escolas eram escassas e não havia um sistema de ensino. Por isso, publicava-se: “Instruções de Aritmética para uso da Mocidade Comerciante que não pôde frequentar as Aulas; por João Pereira dos Santos e Carvalho, Comerciante de Coimbra. Em 8vo. pp. 298.1”.

Muitos poderão agora argumentar que o analfabetismo funcional impede muitos de aprender nos locais de trabalho e outros, por estarem fora do mercado de trabalho, não podem fazer esta aprendizagem em serviço. Países com governantes mais ajuizados que os nossos ou com empresários do ensino oferecem oportunidades de ensino de adultos, que permitem o progresso profissional ao longo da vida de muitos trabalhadores.

Na verdade somos confrontados com ineficácias e ineficiências de muitos trabalhadores por lhes faltarem saberes, habilidades e destrezas, que podiam aprender numa escola profissional com professores preparados pedagógica e cientificamente.
Infelizmente, a deriva neoliberal do Governo Coelho/Portas, mais a “tonteria da Ideia de Educação” delineada pelo engenheiro José Sócrates, fechou a Escola de Adultos, decretando este em sua substituição uma “Escola das Novas Oportunidades”, que Nuno Crato fechou sem dar qualquer outra alternativa. Partia da ficção de que ao longo da vida todos aprendem tudo, mas sabemos por observação do real do mercado de trabalho e da gestão da vida pessoal que nada disso acontece.

Complica tudo o facto de alguns empregadores, como resultado da sua gestão errática e até fraudulenta, não darem deliberadamente a sempre necessária informação e formação aos trabalhadores que nos atendem, deixando-os inventar as mais mirabolantes e ridículas explicações para as falhas deliberadas das empresas onde trabalham. Há até dirigentes a quem falham os conhecimentos com que podiam formar os seus subordinados. Alguns até cometem erros de palmatória que mancham a imagem das empresas que representam.

Falham assim as empresas, associações e, até, estruturas do Estado, configurando ineficiências que uma Educação Inicial ou de Adultos podia facilmente colmatar.

São evidências que nos levam a propor um Plano Geral de Educação de Adultos, onde todos podíamos ganhar quer na qualidade dos bens e serviços que compramos e, ainda, no nosso trabalho dando-lhe qualidade e estabilidade, desprecarizando assim solidamente os vínculos laborais.

1 Jornal de Coimbra, 1817, vol. XI, Parte II, num. LV, p.51.

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