Opinião: Pelo acesso à Educação e à Cultura

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Aires Antunes Diniz

É sentimento corrente que as Escolas, qualquer que seja o grau de ensino, têm grandes dificuldades em proporcionar a qualidade de educação que os alunos precisam e os professores e pais ambicionam.

De facto, os dez anos da gestão de Maria de Lourdes Rodrigues e Nuno Crato vieram trazer às escolas ordens perversas, que prejudicaram o seu funcionamento, já que a anomia destas permitiu a sua absorção acrítica. Aconteceu ainda mais porque foram aceites sem questionar se as medidas impostas eram boas ou más em termos pedagógicos. E dessa forma, prejudicadas pelos Ministros da Educação vimos descer no ranking as Escolas Públicas. E sabemos ainda como foi degradada visivelmente a ação social escolar.

Antes, em 6 de Abril de 1911, a Comissão Municipal de Bragança, por proposta do vogal João Alves “dirigiu ao Ex. mo. Ministro do Interior uma representação no sentido de se obter a conservação da Escola de habilitação para o magistério primário, acentuando-se que a supressão dela vem ferir profundamente os legítimos interesses desta cidade, atendendo a que poucos ou nenhuns dos candidatos ao diploma poderão realizar o seu intento pelo agravamento das despesas a que são obrigados para irem cursar no Porto, Coimbra ou Lisboa”1.

A luta então era para conseguir que os cursos com empregabilidade, como era o caso dos professores do ensino primário, estivessem alcance de alunos com fracos recursos financeiros. Essa foi também a lógica que fez nascer o ensino primário nas aldeias e o ensino secundário nas mais recônditas vilas e cidades. O mesmo aconteceu com o acesso ao ensino superior no nosso Interior.

Paralelamente, alguns municípios assumiram, como sua vocação, complementar as escolas com o desenvolvimento de bibliotecas, onde todos os alunos podem ter acesso a livros, revistas, CDs, filmes e outros suportes, oferecendo até acesso à Internet Livre, entendida agora como uma forma democrática de acesso à Educação e Cultura.

Infelizmente, muitos municípios entregaram a gestão destes equipamentos a gente sem capacidade de trabalho e sem imaginação, que se limitam a ver passar as horas, os dias e as semanas sem criarem qualquer dinâmica, que atraia novos e velhos leitores de bibliotecas e outros recursos. Ficam estes assim sem o uso necessário à formação educativa e cultural da população.

De facto, conheço belíssimos espólios que se encontram sem o uso possível e necessário, e só por falta de quem acredite no valor da educação e da cultura, como motores de desenvolvimento económico e social.
Tudo nos convoca por isso para a mudança da prática educativa, onde as escolas valorizam e preparam os seus alunos para a aprendizagem com os recursos, que a sociedade naturalmente lhes proporciona ao longo da vida.

1 Arquivo Municipal de Bragança, Livro de Atas das Sessões da Câmara Municipal de Bragança, desde 9 de Maio de 1910 a 26-09- 1911, Sessão ordinária de 6 de Abril de 1911, folha 169 frente

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