Opinião: O unicórnio Costa

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Paulo Almeida

António Costa esteve no governo startup de Sócrates, que falhou porque o modelo de negócio não era, digamos, viável e entrou na bancarrota em 2011. Não falhou por causa da equipa, que era com certeza muito boa e onde se incluía Costa que queria, regressar às maiorias e por isso as vitórias de Seguro eram “poucochinhas”. Sucede que perdeu as legislativas em 2015 e só mesmo a inovação “tecnológica” da geringonça permitiu fazer um governo liderado por Costa. E eis que surge o unicórnio das esquerdas.

Montam a geringonça em três tempos e lançam-se com um modelo de negócio baseado no consumidor, cujo indicador de confiança assume uma trajectória ascendente desde 2013. Os mais recentes dados do INE confirmam que em Outubro e Novembro deste ano esse indicador subiu.

Mas (há sempre um mas) se formos a analisar com mais cuidado, todas as componentes contribuíram negativamente e só mesmo as médias móveis permitem o resultado positivo. Se formos a examinar com detalhe, são as empresas B2B que geram mais retorno e não as focadas nos consumidores. Se observarmos com atenção, os consumidores são, na realidade, os eleitores/clientela da geringonça. Se formos a ver bem, os unicórnios não existem.

Como falamos de um país e não de uma empresa em que os sócios assumem o risco de perder o seu investimento, convém reter com especial cuidado o que falhou para não serem cometidos os mesmos erros. Costa tem uma segunda oportunidade e não vai querer falhar novamente. Mas pode muito bem estar a caminho disso. Em primeiro lugar, a inovação da geringonça vai revelando a sua natureza: uma união negativa, do contra, da reversão, algo que nunca foi mais do que um degrau de acesso ao poder.

Mas quiseram fazer acreditar que era um novo ciclo, um avanço de uma ideia convergente e de esquerda para o país. Nada mais falso. Porque do que se trata é da sobrevivência do unicórnio em que cada vez menos pessoas acreditam. E com toda a razão, pois até membros da própria geringonça dizem que os compromissos entre eles são rasgados, trocam acusações de deslealdade e que a palavra não é honrada. É uma trova do vento que passa!

Pena é que as queixas não surjam no mesmo tom noutras ocasiões. A mais recente relaciona-se com a deslocalização do Infarmed de Lisboa para o Porto. São várias as camadas de verdades que nos vão apresentando, de tal forma que mais vale dizer que é tudo uma mentira. O mesmo se passou em relação ao compromisso assumido de baixar o imposto sobre produtos petrolíferos trimestralmente.

Ainda há quem se lembre da trapalhada da Caixa Geral de Depósitos ou da novela ministerial por causa dos fogos que devastaram o país. Muitos outros exemplos existem, uns mais abstractos, outros que podem até nunca ter acontecido, como o assalto de Tancos que pode nem ter acontecido, apesar de se ter recuperado o material furtado. Também há quem entenda como eu que recordar o 25 de Novembro é um compromisso histórico que este ano ficou refém da geringonça.

Muitas falhas têm sido descobertas e o silêncio um dia vai ser intolerável. Talvez que a saída de Passos Coelho de líder do PPD/PSD permita que a solução de um governo constitucional que mais parece fazer oposição possa ter os dias contados. É que os unicórnios não existem e há cada vez mais portugueses a descobrir isso.

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