Decorreu, na passada sexta-feira, a tomada de posse dos órgãos municipais: Câmara e Assembleia. Sobre o tema, gostaria de deixar duas anotações. A primeira respeita ao discurso do Presidente da Câmara. Independentemente do maior ou menor apreço pelo estilo pouco “motivacional” – como agora se diz – o facto é que o texto é um exercício conseguido de consistência política e programática. João Ataíde não fugiu do registo que caracterizou a mensagem da candidatura que encabeçou e destacou as principais metas que terá em vista neste mandato. Fugiu assim a uma tentação muito comum de aproveitar estes momentos para criar “factos políticos”, “acertar contas” ou fazer promessas fora das que constavam do programa sujeito a sufrágio.
Para quem, como eu, aprecie a segurança e a previsibilidade na ação e no discurso dos políticos foi um momento reconfortante. Já a insistência em realizar esta sessão no Salão Nobre dos Paços do Concelho não pode merecer o mesmo aplauso. Não é mais possível querer fazer uma cerimónia que celebra a democracia local num espaço onde só cabe uma pequena fração dos interessados.
Mesmo o expediente da colocação de écrans no átrio é discutível. Se é para ver e ouvir a cerimónia com mediação eletrónica bastaria uma transmissão pela internet. O ambiente do Salão, por muito nobre que seja, torna-se quase irrespirável, apinhado de pessoas, os funcionários autárquicos com compreensíveis dificuldades em gerir a mole humana e dezenas de convidados e munícipes cá fora sem o lugar que a solenidade do momento exigiria. A rever.