Opinião – 25 de Abril. Sempre?

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Ferreira Ramos

Ferreira Ramos

A 25 de Abril de 1974, o Movimento das Forças Armadas, coroando a longa resistência do povo português e interpretando os seus sentimentos profundos, derrubou o regime fascista. (in CRP, Preâmbulo)

Numa série biográfica, a passar, do Rei João Carlos (‘O Rei’), um professor diz que “a história repete-se sempre mas nunca é parecida”, num paradoxo bem conseguido.

Falar de Espanha, em data próxima do 25 de Abril, faz-nos pensar se a nossa história não podia ter sido diferente… Podia, claro! O seu rumo poderia ter sido outro, muitas vezes!

Mas, no final do século XX, se em vez deste golpe de estado, que cada vez mais parece ‘de brincadeirinha’ (ou ‘sul americano’, pelos estalidos dos tiros de pólvora seca), tivéssemos tido uma transição pacífica, tranquila, preparada, para a democracia plena? Como teria sido? Continuaríamos a ser um Império?

O sonho, talvez alucinado, e repetido, de deslocalizar a capital, à vez, para o Brasil ou para Angola, terá feito sentido alguma vez, independentemente da pressão ser de Napoleão ou dos Russos?

Dir-se-á que ainda bem que a nossa história é diferente porque, só no passado recente, evitou-nos o que será mais dramático, mas certamente purificador, ou seja, uma guerra civil. Feliz ou infelizmente, a nossa história não é uma telenovela de que se pode escolher o fim. Pode-se ir escolhendo o dia-a-dia, de 4 em 4 anos, sempre condicionados pela condição, pois a repetição é propositada, humana.

Mas, na repetição da história, que nunca é parecida, os momentos que vivemos são de algum fim de ciclo, de alteração dramática nesta parte do Globo em que vivemos.

A ruptura de todas as regras, a lassidão dos costumes, a subversão do que é relevante, a corrupção das Instituições, a falsificação das normas não augura nada de bom…

Quando vemos quem nos deve proteger a ser detido, quando vemos quem nos representou a fazer figuras gagas de quem não se recorda do que assinou, quando assistimos a quem representou classes profissionais a não ser capaz de dar uma resposta convincente, pode vir chuva… ou chumbo.

Quando aguardamos, na apresentação dos nomes envolvidos, sempre a esperada divulgação de estórias de submarinos ou de alcatrão, lembramo-nos do Lucky Luke e do tratamento aos bandidos pré-forca: “tragam o alcatrão e as penas!”. Quando nos obrigam a pensar permanentemente em cretinices acerca dos géneros e dos cartões e dos animais, enquanto bolsam caviar e champanhe e drogas, duras e leves, cansam-nos… muito!

E, lá está: a história repete-se. Sempre foi assim.

Em Roma, corrompendo sempre, comprando votos e cargos, mesmo César, e com Catilina ou com Clódio, um grupo de jovens com barba alinhada, sem regras e sem géneros, vivendo sempre à custa de alguém, transportando bandeiras populares somente para manipular, para quem não havia limites nem nada a respeitar.

Hoje, 25 de Abril de 2016, aguardamos, a prazo, o descalabro.

A invasão não será com os Bárbaros do Norte. Será a Sul. 25 de Abril, sempre!?

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