Daniel Santos

Conceito criado pelo filósofo espanhol Ortega y Gasset, em “A rebelião das massas”, define o homem despojado de princípios e dos valores da tradição, despreocupado com o aperfeiçoamento próprio do que resulta uma mesquinhez de pensamento.

Para Gasset, “O homem é, queira ou não, um ser constantemente forçado a buscar instância superior. Se consegue por si mesmo encontrá-la, é um homem excelente; se não, é pois um homem massa e necessita recebê-lo de outrem”.

Ao estilo do autor, trata-se de uma obra começada a publicar em 1926 num jornal madrileno, posteriormente publicada em livro. Destinou-se a analisar o comportamento das multidões e das aglomerações.

Ora se há época o desenvolvimento do assunto se justificou, permito-me hoje entender que se mantém mais atual do que nunca.

De outro modo, como se compreende que um líder que tem marcado a vida política portuguesa durante dezenas anos, transformando facilmente em revogável o que antes jurara a pés-juntos ser irrevogável, utilizando permanentemente argumentos contraditórios, afirmado hoje o que ontem era completa mentira, desdizendo com toda a desfaçatez o que ontem jurara ser verdade? Criando a expectativa do regresso, qual D. Sebastião salvador da pátria?

Trabalho inteligente? Sem dúvida! Mas que apenas obtém êxito por suportado pela vasta multidão dos indiferentes e dos homens-massa de Gasset.