Luís Santarino

António Costa deverá estar hoje a dizer para com os seus botões: “mas quem me mandou a mim meter nesta caldeirada? Não teria sido melhor e ser candidato a Belém”? O que a recusa de Guterres fez! A entrevista de Sampaio da Nóvoa ao jornal Público poderia ter sido um estrondoso desastre.

Se não corrigir o discurso, muito dificilmente o Partido Socialista o poderá apoiar.

António Costa é um líder que passa a ter uma necessidade absoluta de “mostrar os cotovelos”! Estão a quer “emparedá-lo”, condicionar o seu discurso, e não poderá ceder. Se o fizer, será um desastre para a governação, porque dará a sensação de estar a ser manobrado “de, e por fora”!

Mas voltando a Sampaio da Nóvoa, há coisas que me agradam. Nem tudo é mau! Agrada-me sobretudo, quando diz, “luto até ao último minuto por uma coisa, mas ainda ela não está acabada, eu já estou a pensar noutra”! Onde é que eu já vi isto, Rosa Pita?

Ainda bem que é assim, porque demonstra uma visão assertiva sobre o que a cada momento deseja construir. Além da certeza de, por antecipação, saber que o vai conseguir. Brilhante! Mas também me agrada quando afirma: “Ainda que ter inimigos pareça uma desgraça, uma desgraça muito maior é não os ter”! Se lhe chegasse à fala, ainda lhe poderia dizer para complementar: “viver no meio de cretinos e imbecis não é assim tão mau, faz parte da vida”!

Admiro também o seu amor à liberdade. Só que, e há sempre um só que, quando for eleito é que vai saber o que “elas” doem! Nem tudo é bom. Mas pode corrigir.

Para quem como eu acredita nas virtualidades de pertencer a um partido político, irritam-me os falsos moralistas que, de quando em vez, vociferam contra a sua actividade. Só que são sempre os primeiros a quererem-se servir deles, sempre na linha da frente, quando cheira a “tacho”! Em nome de uma independência…está visto! Como a porca de Murça; “a mamar e a grunhir”! Não gosto que quem deseja combater os “aparelhos partidários”, corra pela pista de fora!

Por isso, António Costa vai ter de dialogar com o Senhor. A chamada “conversinha pé de orelha” para que o cidadão não se estampe! Para quem deseja vencer eleições, a máquina deverá estar a funcionar em pleno. É como quem joga o “dominó inglês”; é aos pontos. E as eleições “aos votos”!

Uma última questão que não me assusta, mas preocupa, é afirmar-se de esquerda, contra as medidas de austeridade, mas não se importar de dar posse a um governo do bloco central. Parece-me que vai acabar mesmo, se o PS ou o PSD/CDS-PP não vencerem com maioria absoluta, num governo alargado do bloco central.

É que, Paulo Portas, nem com a publicação do livro sobre a biografia de Pedro Passos Coelho, sai de forma irrevogável. Ele sabe que o PSD e a coligação são o seu “seguro de vida”. Façam o que fizerem o “manego” não estrebucha. O “gajo é fino”!

Por isso, Sampaio da Nóvoa vai ter de afinar o discurso e não pode deixar a campanha na mão de imberbes e anarcas. Seria um desastre. Parece-me que António Costa vai meter a mão a tempo para a campanha não descambar.

Se assim não for, Marcelo Rebelo de Sousa agradece. Sim, porque a melhor coisa para o Partido Socialista, seria Rui Rio ser o candidato da coligação. O populismo em Portugal não vence!