Opinião – Selva de fios no coração da cidade

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Hélder Rodrigues

Hélder Rodrigues

 

1. Uma situação degradante. Quem passa pelas Ruas da Baixa, incluindo a zona classificada do Centro histórico, fica revoltado com os milhares de fios espalhados de forma anárquica por todo o lado. Atravessam ruas, sobem paredes , debruam portas e janelas. Enrolados, esticados, dependurados, ao Deus dará! Num olhar mais atento verificamos que se tratam de fios de electricidade, telefones e de televisão. Uns são fios novos há pouco colocados, outros são fios desactivados, que ficaram ali por ficar! Todos ao monte, de lado ou por cima numa enorme confusão! Um absoluto desleixo e de profundo desprezo pela cidade e pela população. Uma situação que não é de agora. Tem-se arrastado e acumulado ao longo de longos anos com total impunidade!
Ninguém fica bem na fotografia! Nem operadores que ali os colocaram e mostram um péssimo profissionalismo. Nem moradores que ali os deixaram colocar e mostram pouco interesse pelos seus prédios. Nem as supostas entidades fiscalizadoras que permitem tal situação!
Numa cidade que acaba de ser classificada Património da Humanidade, elogiada por todo o Mundo que quer receber fluxos crescentes de turistas, trata-se de uma situação degradante que precisa de ser resolvida com rapidez e eficácia, por todos os envolvidos!

2. A perspectiva da população. Antes de procurar soluções, quisemos saber as razões profundas desta situação. Não foi tarefa fácil! As pessoas, às voltas com a sua vida, não estão habituadas a dar opiniões, tem receio, desconfiam de quem faz perguntas, não se querem envolver, nem arranjar mais sarilhos!
Acabámos por falar com muita gente interessada e conhecedora, frontal e sem reservas mentais, que acha a situação lamentável. Gente que quer ajudar Coimbra a ser melhor, mais atractiva e respeitada! Coimbra precisa de muita gente assim!

3.As razões da situação actual. Em termos gerais, as razões da situação são as seguintes:
1 ) A maioria dos Predios são antigos e não têm condutas internas para a condução dos fios por dentro. Nem os donos, nem os moradores estão dispostos a investir nessas infra estruturas se a tal não forem obrigados ou incentivados a faze-lo! E aí começa logo o problema.
2 ) Os Operadores, para montar os fios, apenas precisam da autorização dos moradores. Mas no intuito de maximizar receitas, e pouco sensibilizados para questões de Património, colocam aos moradores duas opções; fios por fora do prédio pagam X, fios por dentro pagam X+Y+Z! Os moradores, pouco sensibilizados para questões de estética e com urgência na obra, optam quase sempre por fios por fora que é mais barato!
3 ) Obtida esta autorização, os operadores com o objectivo de maximizar lucros em vez de procurar soluções eficazes, criativas e esteticamente aceitáveis (como esta a acontecer em outras cidades), sentindo-se sem controle, entregam a sub-empreiteiros de obra barata! O resultado está a vista!

4 ) A Autarquia, supostamente a entidade reguladora e fiscalizadora, embora dispondo de bons técnicos com provas dadas e soluções técnicas estudadas não dispõe de legislação rigorosa e actualizada que possa evitar os desmandos actuais e resolver a questão com beneficio para a cidade.
Só com a colaboração de todas as entidades envolvidas se poderá chegar a uma solução eficaz, justa e equilibrada. Será a nossa próxima Crónica

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