Opinião – Falta de visão

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Aires Antunes Diniz

Aires Antunes Diniz

Somos confrontados todos os dias com dificuldades acrescidas no nosso quotidiano e algumas nem sequer percebemos porque existem. Uma delas acontece com o fecho de algumas escolas bem-sucedidas – 11 nas cem melhores, como o comprovou o Diário de Notícias em 7 de Julho de 2014, p. 2 quando fez as contas e as publicou.

Contudo, Nuno Crato diz que as fechou por não terem sucesso, dizendo que nem vai poupar nada com essa medida política. Acredito. Limita-se a seguir os enviesados caminhos inaugurados por Maria de Lurdes há pouco mais de nove anos, senhora de um sentimento de arrogante autossuficiência, que nunca se questionou como pedagoga, nem o atual ministro foi capaz de descobrir-lhe as falhas para fazer algo com jeito.

Faltou-lhe a capacidade de olhar as causas e descobrir a forma de ser eficiente, corrigindo os erros sucessivos e impedindo a continuidade da falta de visão, como o fazia Pires Soares quando escreveu em 1958:

“Em Coimbra, as cousas das Ciências Naturais parecem-se melhor arrumadas. Aqui, em Lisboa, tu sabes como estão sobretudo em Zoologia. É tudo bem lamentável e é a consequência de erros sucessivos e de falta de visão”1.

Era então muita a gente sem capacidade de trabalho, que persistia em maquilhar-se como cientista sem nada fazer de realmente científico, num dolce farniente, impedindo somente quem o era de trabalhar. Vejo-o pelos documentos que mostram esta luta, em que os resultados não eram satisfatórios do ponto de vista dos interesses nacionais. Repete-se agora. Sei.

Infelizmente, esta falta de visão que denuncia não existe só na Educação, existe na Saúde, onde temos demasiados hospitais mal construídos e muitos profissionais desmotivados, sobrecarregados e com queixas crescentes em relação ao ambiente de trabalho e falta de recursos materiais. Apesar disso persistem os erros continuados na banca, obrigando a população a sacrificar o seu nível de vida e a salvar sem o conseguir uma banca cheia de vícios e que só sabe pedir que o povo aguente. Indica claramente que esta banca tem de mudar e que o atual modelo de persistente maquilhagem de resultados não consegue já enganar os investidores.

Por estranha coincidência, os partidos da governação sintonizam-se quanto à defesa da obrigação de sustentarmos uma banca. Só sabe dizer que o Estado Social é insustentável. Muda esta banca só de gestores quando os partidos se alternam pois estes são sempre homens dos partidos do poder. Aconteceu com o BCP e com o BPN.

Acontece agora com o BES, em que vai pontificar um Homem do Presidente, saído do Conselho de Estado. É o que não augura nada de bom como o próprio mercado financeiro já antecipou com as cotações recentes das ações deste banco.
E estando clara a falta de visão e os erros sucessivos, conclui-se que a solução está noutra estratégia, noutra gestão e noutra política. Claro…

1) Fundo Bibliográfico do Professor Santos Júnior, sito em Torre de Moncorvo, Pires Soares – Correspondência 1958-1959, Documento 153/443. Fundo Bibliográfico do Professor Santos Júnior, sito em Torre de Moncorvo, Pires Soares – Correspondência 1958-1959, Documento 153/443.

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