“Eleições antecipadas significariam segundo resgate” para Portugal

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NUNO MELO CDS 2 CJM

O vice-presidente do CDS-PP, Nuno Melo, defende que a decisão do Presidente da República, de manter o Governo em funções, garantiu a “estabilidade governativa e política, apoiada por uma maioria parlamentar”, evitando “agravar a crise conjuntural que o país vive”

Tem defendido, na sequência da recente crise política, que a atual maioria está coesa. A coligação tem condições para governar?

Tem, e tenho-o dito sustentadamente. O apoio de uma maioria mede-se, a começar, na Assembleia da República, onde todas as intervenções dos dois partidos, mesmo no epicentro da crise, que apesar de tudo foi rapidamente debelada, foram no sentido de reconhecer essa coesão e do apoio do CDS e do PSD ao Governo. Por outro lado, não escondendo que houve uma sequência de curtos episódios que revelaram que teria de acontecer uma reponderação a nível da estrutura governativa, a verdade é que o Governo que daí saiu, e não me refiro nem a ministros, nem a pastas, é um Governo também mais coeso. Porque essa crise permitiu reacertar agulhas, ultrapassar um ou outro aspeto de funcionamento que não estaria a correr tão bem, e temos um Governo mais forte, mais solidário e mais coeso, e com uma reprogramação, para um segundo ciclo da legislatura, muito centrada na economia, no crescimento e no emprego

Como é que se chega a uma crise política como esta, com pedidos de demissão de membros do Governo?

Uma crise política como esta é necessariamente fruto das circunstâncias terríveis que o país atravessa, não tem que ver com um partido nem com estes dois partidos. Estou convencido que qualquer outro partido ou coligação teria estas dificuldades. É muito difícil governar quando atravessamos um período de recessão, dependemos da ajuda externa e temos que pagar uma dívida imensa, que não foi este Governo que contraiu, mas isso é o que menos importa agora. Nestas circunstâncias é normal que, num caso ou noutro, existam perspetivas diferentes, mas relevante é perceber que esta maioria foi capaz de superar esses problemas e surgir com um executivo mais forte. Não duvido que no fim desta legislatura Portugal vai estar melhor, e seguramente melhor preparado para sair desta crise. Desejaria mesmo que o país já não estivesse intervencionado e tivesse saído da recessão.

E o CDS-PP ganhou mais força neste Governo?

Esta redefinição governativa mostrou que para o CDS nunca estiveram em causa os lugares. O CDS entrou de corpo inteiro nesta coligação e deu todo o seu esforço no sentido da coesão e estabilidade, em todas as áreas onde desempenhou funções. Mas nos últimos meses fui ouvindo o argumento de que o CDS estava resguardado das dificuldades da governação, porque as pastas que lhe teriam sido atribuídas eram pouco polémicas, e no final, feito o balanço, estaria mais imune a uma avaliação negativa do que o PSD. Ora bem, decorreu metade da legislatura, temos agora pela frente o segundo ciclo, e esse é um argumento que não poderá ser invocado decorridos os quatro anos, porque o CDS está agora também onde mais difícil será governar.

O CDS-PP tem agora alguns dos dossiês mais importantes do Governo.

O CDS está na economia, na área social – que se expressa de forma mais implacável quanto maiores são as dificuldades – e na negociação, muito difícil, com os credores, através do dr. Paulo Portas, que ficou com essa incumbência e terá também responsabilidades na reforma do Estado. Curiosamente, aquilo que, em alguma avaliação política, antes era visto pela negativa, como um partido que se teria sabido resguardar das dificuldades da governação, agora é visto perversamente como um partido que aproveitou uma crise para chamar a si o poder dentro de um Governo, traduzido em pastas muito importantes. Acho que nem uma coisa nem outra é verdade.

Dora Loureiro

(ver versão completa na edição impressa)

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