Principal arguida de processo de burla confessa ter alterado dados de clientes para conseguir créditos

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A principal arguida num processo de burlas e falsificação de documentos que está a ser julgado no Tribunal de Aveiro e envolve 12 arguidos confessou esta segunda-feira (6) que alterou dados de clientes para a concessão de créditos.

Sobre os arguidos impendem acusações de coautoria dos crimes de associação criminosa, burla e falsificação de documentos relativas a operações de crédito ao consumo em que, segundo a acusação, eram viciados os dados dos clientes. Alguns deles nem saberiam que tinham sido feitos pedidos de financiamento em seu nome.

A principal arguida, Maria Luísa Pinhão, que explorava o gabinete Multiserviços, com sede em Aveiro, para prestação de serviços como a realização de contratos de seguros e créditos para aquisição de bens e serviços, foi detida pela Polícia Judiciária no final de 2006, permanecendo em prisão preventiva durante três meses. Depois, passou a prisão domiciliária e está atualmente com termo de identidade e residência.

Perante o coletivo de juízes, foi uma das seis pessoas que se dispôs a falar logo no início do julgamento, mas o seu advogado requereu que o fizesse sem os restantes arguidos estarem presentes, o que foi atendido.

Ao tribunal, Maria Luísa Pinhão admitiu que, em algumas situações, foi ela quem alterou o perfil dos clientes, através de um programa informático que tinha instalado e que lhe permitia manipular os documentos necessários para a obtenção de crédito, como recibos de vencimento ou contas de luz e água.

“Quando os clientes não tinham perfil adequado, criava-se e na maioria cumpriam e pagavam os empréstimos”, respondeu ao juiz presidente, justificando que alteravam os valores dos rendimentos porque tinham de trabalhar por objetivos.

A arguida assegurou que nem todas as alterações nos documentos foram feitas por si e, quando confrontada com a acusação de que havia créditos em nome de pessoas que o desconheciam e cujos documentos pessoais haviam sido furtados, disse não saber como é que esses documentos chegaram ao gabinete.

“Eu, por regra, não conhecia as pessoas e não sabia como é que os documentos chegavam. Não sei se essas pessoas sabiam ou não”, afiançou, adiantando que a proveniência tanto poderia referir-se à atividade de angariadores do escritório, alguns coarguidos, como de stands automóveis com que trabalhavam e de empresas que vendiam outros bens, como aspiradores.

No despacho de acusação, o Ministério Público (MP) sustenta que desde fevereiro de 2003 a janeiro de 2007 os arguidos falsificaram documentos alheios, que eram usados para abrir contas bancárias e obter créditos para aquisição de bens, conseguindo assim “verbas elevadas” que entre eles distribuíram.

Segundo o MP, os arguidos – entre os quais um contabilista, empresários e vendedores de automóveis – atuavam de prévio e comum acordo, agindo como “uma organização algo elaborada”.

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