Opinião: Almada Negreiros

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Pedro Mota Curto

António Lobo de Almada Negreiros nasceu em Aljustrel no ano de 1868. Poeta, jornalista e escritor, desempenhou as funções de administrador, no arquipélago de S. Tomé e Príncipe, entre 1890 e 1899. Na Roça Saudade, em 1893, nasceu o seu primeiro filho, José Sobral de Almada Negreiros. A mãe, Elvira Freire Sobral, tinha 20 anos e era filha de um proprietário rural, neta de uma angolana e desenhava muito bem.

Aos dois anos de idade, Almada Negreiros vem viver para Portugal. A mãe morre aos 24 anos, em 1896. O pai é nomeado para organizar o Pavilhão das Colónias Portuguesas, na Exposição Universal de Paris, onde volta a casar e fica a residir, até 1939, data da sua morte.

Em 1910, Almada Negreiros, com 17 anos, estuda no Liceu de Coimbra. No ano seguinte, matricula-se na Escola Internacional de Lisboa.

Em 1913, já colabora, escreve e desenha, para inúmeros jornais e publicações, incluindo o Jornal de Arganil. Frequenta o café A Brasileira, em Lisboa. Relaciona-se com Fernando Pessoa, Mário de Sá-Carneiro, Amadeo de Souza-Cardoso, Santa Rita Pintor. Em 1915 escreve o Manifesto Anti Dantas. A sua produção artística será muito diversificada, desde prosa, teatro, bailado, pintura, cinema, azulejos, frescos, cartazes publicitários, banda desenhada.

Em 1916, Mário de Sá-Carneiro suicida-se em Paris. Em 1918 morrem Santa Rita Pintor e Amadeo de Souza Cardoso. Amigos e companheiros das suas inovações artísticas e futuristas.

De janeiro de 1919 a abril de 1920 esteve em Paris e em Biarritz, onde frequentou o meio artístico e boémio, escreveu, pintou, dançou, realizou trabalhos precários, sobrevivendo com dificuldade. Em 1921, inicia uma longa colaboração com o jornal Diário de Lisboa. Em 1927 foi para Madrid onde, durante algum tempo, exerceu a sua atividade artística com grande sucesso. Em 1934 casa com a pintora Sarah Affonso. Colabora com o Secretariado da Propaganda Nacional e com o Estado Novo. Recebe inúmeras encomendas. O mesmo acontecera com António Ferro. Longe vão os tempos revolucionários de quando apresentou o Manifesto Futurista, em 1917, escandalizando os espíritos mais conservadores.

No dia 30 de novembro de 1935 morre Fernando Pessoa que colaborara com Almada Negreiros na sua revista intitulada Sudoeste, tal como o figueirense João Gaspar Simões.

A sua atividade artística é intensa. Desenha selos, capas de livros, cartazes, cenários e figurinos para teatro, publica artigos, profere conferências, pinta frescos de grandes dimensões e painéis cerâmicos, concebe vitrais, ilustra livros, escreve poemas, desenha cartões de tapeçaria, dinamiza exposições, desenha murais de mosaico. Em 1947, conhece Miró e mostra-lhe os frescos que estava a pintar na Gare Marítima de Alcântara.

Em 1969 elabora o projeto para decorar duas paredes da Faculdade de Ciências da Universidade de Coimbra, sendo a pintura executada por alunos da Escola Avelar Brotero. Almada Negreiros faleceu em 1970.

Entre os dias 3 de fevereiro e 5 de junho de 2017, a Fundação Calouste Gulbenkian apresentou uma grandiosa exposição, subordinada ao título, José de Almada Negreiros – uma maneira de ser moderno, expondo mais de 400 obras deste multifacetado artista. Autorretratos, geometria, retratos de Fernando Pessoa, cinema, saltimbancos, performances, encomendas, propaganda, humor, narrativa gráfica, gestos, movimentos, rostos, corpos, um deleite para os sentidos.

 

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