Opinião – Escola Secundária José Falcão – assim, não!

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Francisco Queirós

 

Exige-se que o “José Falcão” seja requalificado. O estado de degradação da velha escola tem sido denunciado pela comunidade escolar. Deputados de todos os partidos já visitaram o velho liceu. Recentemente, o PCP apresentou, na Assembleia da República, um projecto de resolução que recomenda a urgente requalificação da Escola Secundária José Falcão, de Coimbra.
A Escola Secundária José Falcão sucede ao Liceu de Coimbra, um dos três primeiros liceus do país, criado a 19 de Novembro de 1836. Nela estudaram e leccionaram personalidades marcantes da cultura portuguesa como Fernando Namora, Miguel Torga, João de Deus, Almada Negreiros, Eça de Queirós, Rómulo de Carvalho, Guerra Junqueiro, Eugénio de Castro, Vitorino Nemésio, José Afonso, entre muitos outros.
As actuais instalações da Escola Secundária José Falcão foram projectadas pelos arquitectos João Chambers Ramos, Jorge Segurado e Adelino Nunes e construídas entre 1931 e 1936. São o resultado da fusão do Liceu José Falcão e do Liceu Júlio Henriques que se transformaram, deste modo, no Liceu D. João III. No ano de 1974, em Assembleia Geral de Escola do Liceu D. João III, professores, alunos e funcionários decidem recuperar o nome de José Falcão para designação da escola. A Escola Secundária José Falcão foi classificada como Monumento de Interesse Público em 2010, encontrando-se salvaguardada e preservada pela zona especial de protecção existente. O edifício foi projectado numa lógica de articulação dos espaços com o desenvolvimento da actividade pedagógica, promovendo a racionalidade funcional dos espaços autónomos, na esteira dos ideais da Arquitectura Moderna. As instalações sofreram algumas alterações pontuais ao longo do tempo. Porém, nunca ocorreu uma intervenção de fundo, apesar de ter estado prevista por três vezes nas últimas décadas. Estiveram programadas, por duas vezes, intervenções da “Parque Escolar”, mas as obras nunca se concretizaram.
O edifício e os seus equipamentos estão num estado de degradação evidente. Acompanhei a visita da deputada do PCP, Ana Mesquita, no passado dia 6. Chocou-me o que vi na escola onde fui aluno na década de setenta e onde estagiei nos finais de oitenta. A canalização e a instalação eléctrica são antigas, há infiltrações e humidade por todo o edifício. Chove no laboratório de Física, em algumas salas. O pavilhão desportivo, cujo pavimento se encontra em muito más condições de preservação, apresenta sinais evidentes de degradação. À vista, há aço corroído das armaduras das vigas de betão. Há pedaços de tecto e azulejos de parede a cair. A qualidade do ar patente em áreas pouco ventiladas será extremamente duvidosa. A escola é muito fria no inverno e muito quente no verão.
A Associação de Pais e Encarregados de Educação da Escola, dando voz aos anseios da comunidade escolar e da população de Coimbra, dinamizou uma petição a reivindicar a intervenção urgente e de fundo. Este documento reuniu mais de 5.300 assinaturas. São muitas as vozes que se erguem.
Anuncia-se agora que o governo atribuirá cem mil euros para intervenção no ginásio. Contudo, e segundo a opinião de especialistas, só para requalificação desse espaço serão necessários valores três a quatro vezes superiores.
Património de Coimbra, material e imaterial, o “José Falcão” tem de ser requalificado. Pequenos paliativos, uns quantos remendos, não são solução.

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