Opinião – Por Montemor-o-Velho com sabor a História

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Hélder Rodrigues

Hélder Rodrigues

1. Carapinheira e as gentes do campo do Mondego
À entrada da Carapinheira deparo com o monumento ao “Homem do campo do Mondego”, um agricultor, de saco a tiracolo onde guarda as sementes, lança, vigoroso, as sementes à terra! Uma justa homenagem às bravas gentes ligadas à agricultura, nestes campos férteis que nos circundam, em luta constante com os elementos naturais onde a rebeldia do Mondego causa alegrias e sofrimentos.
No centro da vila vou visitar o Museu Etnográfico do Campo, que retrata, de forma impressiva, a vida nos campos do Mondego no Séc. XX.
Retorno à estrada e logo diviso, ao longe , as muralhas do imponente Castelo de Montemor o Velho. A Montemor vou jantar e passar a noite, envolvido nas delicias ternas e suaves da natureza!

2. Montemor-o-Velho. Sentinela da História de Portugal
Acordo cedo, com o chilrear da passarada. Abro as janelas e deixo entrar o ar fresco da manhã! Há lá forma melhor de começar o dia?
Mais tarde percorro o bem conservado centro histórico de Montemor. Recordo as inúmeras personagens ilustres que aqui nasceram. Entre elas a figura universal de Fernão Mendes Pinto. Viajante, explorador do Sec XVI, viveu, a fundo, a Era dos Descobrimentos, em direto e ao vivo, deixando-nos a “Peregrinação”, essa obra imortal da Literatura Universal.
Subo ao imponente Castelo, fortificação notável, ponto estratégico na defesa do Baixo Mondego e da Região de Coimbra, ao longo dos séculos.
Na sua alcáçova Afonso IV, no Sec XIV, reuniu os seus conselheiros e tomou uma das mais tenebrosas decisões da Historia de Portugal, o de mandar matar Inês de Castro, horas depois em Coimbra.
No interior a Igreja de Santa Maria da Alcáçova, um notável repositório de escultores onde se cruzam artistas de nomeada como Pero o Velho e João de Ruão com outros simples e anónimos da região.
Das muralhas, uma vista panorâmica deslumbrante sobre o Baixo Mondego! Lá ao fundo, Ereira espera por mim, e um almoço de lampreia!

3. Ereira, tão pequena e com tanto para contar!
A lampreia, antecedida de uma bela sopa de peixe do rio pescado essa manhã, estava divinal ! O dono do restaurante conta-me a historia da Ereira (tão pequena e com tanto para contar) e aconselha-me a começar por visitar a Casa do Torreão.
Lá encontro um interlocutor apaixonado pela terra, o Sr João. “Esta foi a primeira casa que existiu na Ereira, onde os agricultores iam pagar as rendas! Mais tarde foi atelier do grande escultor João de Ruão”, diz-me entusiasmado, sabendo que me esta a dar uma novidade de truz!
– O Senhor João tem a certeza disso? Absoluta, responde ele de imediato, e acrescenta; eu seja ceguinho! -Não vale a pena jurar Sr João. Olhe que é assim que às vezes, as coisas más acontecem na vida. Os leitores das Beiras acreditam no que o Sr João diz e não se responsabilizam pelo que lhe possa acontecer!
Avançamos os dois, já amigos, pela Ereira fora, saudando aqui e além os simpáticos eireirenses, até à casa onde nasceu Afonso Duarte , licenciado pela UC, com uma obra poética importante (sec XX) ligada ao povo, à agricultura, à vida rural que ele tão bem conhecia! A tarde vai a meio, despeço-me, ainda a tempo de passar por Maiorca e ir dormir à Figueira da Foz

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