Opinião – Novo carro?! Espere pelo elétrico…

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Gil Patrão

Gil Patrão

Muitos de nós, ao comprar uma nova viatura, interrogar-nos-emos sobre o carro elétrico! Devo aderir a esta tecnologia? Ou duvidar das vantagens anunciadas? Compro, ou não, uma viatura elétrica (VE)?

Como quase todas as marcas de automóveis apresentam alternativas híbridas, se não totalmente elétricas, desde as populares às elitistas, no futuro milhões de viaturas serão elétricas. Se as vantagens ambientais são evidentes, as económicas fazem duvidar das vantagens da mudança, para além da autonomia do VE e da disponibilidade de pontos de carregamento.

Em breve as garagens e parqueamentos de novos prédios de habitação e serviços terão terminais de baixa potência elétrica para a carga lenta de baterias dos VE. Nos edifícios que recebem públicos, os parques de estacionamento serão dotados de equipamentos de carregamento de maior potência e nos postos de combustíveis fósseis veremos muitos postos de carregamento rápido e muito potente de baterias, que mesmo assim demoram muito mais de vinte minutos a carregar, após a ligação elétrica ser estabelecida, o que faz vacilar quem tem de decidir pelo VE.

A indústria nacional concebe e fabrica sistemas de carregamento rápido, tendo soluções inovadoras e experimentadas. Existe óbvio interesse das empresas de distribuição de eletricidade por este novo e promissor mercado. No futuro, proliferarão postos de carregamento públicos nas cidades, ampliando os que existem, mesmo que nestes não se vejam VE a carregar.

Neste domínio existem inovações a acompanhar, como a que ocorrerá em França de outubro até ao final deste ano, para testar a instalação de postos de carregamento, junto a armários de distribuição elétrica que alimentam os postes de iluminação pública. Numa cidade de 100.000 habitantes, como Coimbra, essa solução permitirá instalar até 600 postos de carregamento, sem se efetuarem obras de engenharia civil e sem haver necessidade de novas ligações elétricas.

Serão instalados, nos “candeeiros” mais próximos desses armários, dispositivos para efetuar a carga lenta das baterias do VE. Solução a testar, pelas complexidades técnicas a resolver e por a reduzida potência elétrica disponível nas redes de iluminação limitar o uso do sistema a pequenos veículos. Se a solução, como se espera, gerir melhor as infraestruturas públicas de iluminação, a poupança energética suportará parte expressiva dos custos de instalação previstos.

Para fomentar o VE, o governo francês apoia até 6.300€ a sua aquisição. Por cá, a comissão para a reforma fiscal verde propôs apoios até 3.500€. A produção automóvel francesa é relevante, sendo a nossa de pequena dimensão (cerca de 180.000 viaturas por ano, quase todas exportadas), mas temos importantes recursos endógenos e renováveis (hídricos, biomassa florestal e solar) com que geramos eletricidade verde, o que justifica os apoios previstos!

Passar dos motores de combustão interna, a gasolina ou gasóleo, para a locomoção individual e coletiva de base elétrica, carece de um conjunto coerente de políticas fiscais, ambientais e económicas. Oxalá o Governo tenha a visão política e os meios necessários para erigir as bases que permitam o desenvolvimento dum amplo “cluster” nacional, em torno do veículo elétrico!

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