Mira passou ao lado da reforma administrativa. Como é que isso aconteceu?
De facto, inicialmente a proposta da reforma administrativa perturbou o país e o poder local, Mira perdia uma freguesia e gastaram-se muitas energias. Todos os quadrantes ideológicos e instituições locais se uniram em defesa da freguesia de Carapelhos. Estive presente numa ação realizada na junta com todas as forças políticas contra uma forma injusta, feita a régua e esquadro e sem nenhuma mais-valia para o país. Fruto dessa ação, o Governo alterou a proposta e não perdemos a freguesia de Carapelhos. É um ato que louvo, o facto do Governo ter recuado.
Acredita que o concelho vai manter o tribunal com os serviços que atualmente tem?
Comecei de propósito por começar a falar da união das forças, independentemente da ideologia. Nesta questão do tribunal, quando se trata de protestar, a Câmara de Mira tem estado sozinha. As forças políticas e partidárias não têm comparecido, exceto a Assembleia Municipal, que esteve unida contra o encerramento do tribunal. Mas a câmara sentiu-se só, mas sempre com o apoio do PS. A câmara não partidarizou o assunto, apelando sempre a todas as forças políticas, mas não compareceram. Este processo é uma odisseia porque a ministra da Justiça nunca dialogou connosco. Há uns meses marcou uma reunião comigo em Lisboa, mas não me recebeu. À última hora, finalmente, recebeu-nos e ficou combinado marcar-se uma reunião para voltarmos a analisar a situação.
Espera que o Governo também recue neste processo?
Espero que o Governo recue, porque não tem qualquer argumento para encerrar o Tribunal de Mira, porque estou convicto que tem mais processos do que os mínimos que a lei exige. A câmara investiu milhares de euros no edifício, quando o tribunal se instalou aqui, há 12 anos. Antes, pertencíamos à comarca de Vagos. O Tribunal de Mira foi reivindicado durante séculos e agora pretende encerrá-lo sem motivos válidos e sem benefícios para o país.
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