Juiz valida confissão de homicídio de Renato Seabra

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O juiz Michael Obus considerou válida a confissão do homicídio do colunista Carlos Castro por Renato Seabra, cuja anulação era pedida pela defesa do jovem português.

Depois de ouvir os dois detetives no Supremo Tribunal de Nova Iorque, um deles o luso-descendente Michael de Almeida, que extraíram a confissão, em português, na ala psiquiátrica de um hospital, o juíz considerou que todos os requisitos foram obedecidos.

Após a audiência, o advogado de defesa, David Touger, disse estar tranquilo com a decisão, uma vez que a confissão, em que Seabra diz ter assassinado Castro para o “libertar dos demónios” da homossexualidade, acaba por sustentar a sua tese.

“A declaração dele apoia a sua defesa”, disse o advogado à Lusa.

A tese da defesa é de que Seabra não pode ser considerado culpado, por se encontrar num estado de perturbação mental quando cometeu o crime.

No final da audiência de hoje, em que esteve Renato Seabra e a sua mãe, o juiz marcou para a próxima quarta-feira o arranque da seleção do júri.

Alegando a longa duração do processo, Michael Obus mostrou-se ainda aberto a ouvir uma proposta de acordo entre Touger e a procuradora, mas o advogado de defesa rejeita a possibilidade.

Segundo David Touger, o juiz Obus, que preside o coletivo de juízes do Supremo nova-iorquino, ainda não informou se será ele a conduzir o julgamento ou se remeterá o processo para outro.

O caso remonta a 07 de janeiro de 2011, quando o cadáver de Carlos Castro, de 65 anos, foi encontrado nu, com sinais de agressões violentas e mutilação dos órgãos genitais, no quarto de hotel que partilhava com Renato Seabra, em Manhattan.

O jovem continua na prisão de Rikers Island, por decisão do departamento penal de Nova Iorque, medicado e sujeito a vigilância médica.

Esteve na sala de audiências e seguiu, com auxílio de uma intérprete, o interrogatório dos dois detetives, por vezes trocando impresssões com o seu advogado.

No público estava a mãe, na companhia de uma amiga servindo de tradutora, que chorou quando o filho entrou na sala algemado.

O primeiro a ser ouvido foi o detetive Richard Tirelli, polícia com quase 30 anos de experiência, que extraiu a confissão com auxílio do detetive luso-descendente Michael de Almeida e de um terceiro detetive.

Tirelli relatou a “balbúrdia” que encontrou ao chegar ao quarto de hotel no dia 07 de janeiro, e a forma como foi conduzido o interrogatório no dia seguinte, já na ala psiquiátrica do hospital Bellevue.

Durante a confissão de duas horas, a que a médica presente levantou objeções até Seabra ter dito querer falar à polícia, este disse manter uma “relação íntima” com Castro desde outubro de 2010.

Disse também ter passado em Nova Iorque por “dificuldades com a relação”, que levaram a discussões entre ambos, culminando violentamente no dia do crime, citou Tirelli.

As torturas começaram quando Castro “ainda respirava” e serviram para “impedir a homossexualidade de se espalhar pelo mundo”, terá confessado então o arguido segundo o relato do detetive.

“Seabra disse que não era ‘gay’, mas que amava Castro”, disse Tirelli.

Durante o interrogatório, o advogado de defesa questionou o facto de não haver registo da confissão que não as notas de Tirelli e a habilitação do detetive luso-descendente para traduzir português.

Este acabou por revelar que é tradutor certificado pela Polícia de Nova Iorque, que os pais eram ambos portugueses e cresceu a falar o idioma em casa.

No final, o juiz disse “não haver razão para dúvida” de que Seabra entendeu os seus direitos legais e prescindiu de ter um advogado presente.

Considerou igualmente que o réu confessou o crime “livre e voluntariamente” e que, no final, concordou com o registo que foi feito pelos detetives.

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