Manifestantes da “geração à rasca” em Coimbra esperavam que a concentração, na Praça da República, contasse com mais participantes que aqueles que reuniu e que ocuparam menos de metade da placa central do emblemático recinto.
“A água do rio não lava duas vezes a mesma coisa”, comentava um professor universitário, recordando as lutas estudantes de Coimbra, particularmente do final da década de 60 do século passado, e que ali se deslocou precisamente para confirmar aquela convicção, como afirmou à agência Lusa.
A ex-deputada do PS Teresa Alegre Portugal também não disfarçava o seu desencanto. “Ando à procura de esperança e quando a malta nova se levanta, alguma coisa está para acontecer”, mas hoje, em Coimbra, “fiquei desencantada”, afirmou à Lusa.
As ameaças de chuva, o facto de ser fim-de-semana e de cerca de duas centenas de estudantes terem viajado para a manifestação em Lisboa, em autocarros fretados, para o efeito, pela Associação Académica de Coimbra (AAC), não pode explicar “esta apatia”.
“Não podemos ficar em casa à espera que alguém faça por nós aquilo que temos de ser nós a fazer”, apelava, “indignada”, Filipa Cordeiro, 23 anos, licenciada, desempregada, enquanto exibia num pedaço de cartão negro a frase “de luto pelo meu futuro”.
Hélia Martins, 29 anos, professora desempregada e sem direito a qualquer tipo de subsídio (apenas trabalhou cinco meses) também estava ali para dar conta da sua “indignação” com tuo o que se estar a passar no nosso país. “Vivo em casa da minha mãe, tenho rendimento zero, não tenho vida nenhuma”, contava à Lusa.
Interrompendo uma certa calma e quase silêncio, Gonçalo Lobato, 18 anos, estudante do primeiro ano de eletrotecnia, começou, a dada altura a discursar, com o auxílio de um megafone.
Depois de explicar as razões gerais da manifestação, Gonçalo lançou frases soltas, apoiadas e ou sugeridas por outros manifestantes: “o governo está a brincar connosco”, “o governo tem de investir na criação de emprego” e “tem de apostar na exportação de produtos em que somos bons”.
Continuando a “cidadania ativa” que abraça “desde o tempo da candidatura de Humberto Delgado à Presidência da República”, José Dias, 62 anos, quis, com a presença na manifestação, dar o seu “contributo político e de pedido de desculpa” a uma geração, que “está à rasca”, por causa das “políticas erradas”, adotadas ao longo das últimas décadas.
Vídeo da TVI
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