Conheceram-se na Universidade de Coimbra, no curso de Relações Internacionais da Faculdade de Economia (FEUC).
João Labrincha, Paula Gil, Alexandre de Sousa Carvalho e António Frazão são os organizadores do protesto Geração à Rasca, mas rejeitam epítetos de “representantes, ou líderes, de qualquer movimento e, ainda menos, de toda uma geração”.
Há meia dúzia de anos, ainda estudantes universitários, os sonhos que tinham eram iguais aos de tantos outros jovens: concluir a licenciatura e encontrar emprego estável na área de formação. Pertenceram ao Núcleo de Estudantes da Faculdade de Economia e estiveram ligados ao Centro Interdisciplinar de Pesquisas em Relações Internacionais de Coimbra.
“Que Parva Sou” serviu de rastilho
“Participámos na vida académica e associativa como qualquer outro estudante”, disse ao DIÁRIO AS BEIRAS António Frazão, que se encontra a tirar mestrado na FEUC.
“Não considero que haja, propriamente, conformismo. Existe cansaço perante os problemas do dia-a-dia, perante a deterioração das condições de trabalho e da educação em Portugal”, adiantou.
Um dia, no início do mês de fevereiro, os quatro amigos voltaram a juntar-se num café em Alfama. A música dos Deolinda “Que Parva Sou” foi tema de conversa e isso bastou para que a ideia surgisse.
João chegou a casa e criou um evento no Facebook. Chamou-lhe “Protesto da Geração à Rasca”. Ele próprio, com 27 anos e natural de Aveiro, está desempregado. Alexandre é de Coimbra, tem 25 anos e é bolseiro. A única rapariga, Paula Gil, nasceu no Porto há 26 anos e está a fazer um estágio do Instituto do Emprego e de Formação Profissional.
António Frazão, mestrando de Relações Internacionais, tem 25 anos e é de Rio Maior.
Concentração junto às embaixadas
O “Protesto da Geração À Rasca” surgiu de forma espontânea e cedo superou todas as expectativas.Em Lisboa, a Avenida da Liberdade será palco da ação, mas por todo o país outras cidades já garantiram a sua solidariedade, nomeadamente Coimbra, Funchal, Ponta Delgada ou Porto.
Ontem surgiu uma convocatória para uma concentração junto às embaixadas portuguesas, em consonância com o protesto.
De acordo com dados disponíveis no Facebook, Londres, Berlim, Barcelona (Espanha), Estugarda (Alemanha) e Copenhaga eram as cidades para onde estão a ser convocados os protestos .
À ação juntaram-se, entretanto, os mais díspares movimentos cívicos. É o caso do FERVE: Fartos/as d’Estes Recibos Verdes que apela à participação de todos.
Curiosamente ontem, em comunicado, o Movimento Internacional Lusófono demarcou-se da manifestação por esta “não assumiu um programa reivindicativo claro e coerente, deixando-se, por isso, como seria expetável, contaminar pelos mais contraditórios propósitos, inclusive o de “demitir toda a classe política””.
Ao DIÁRIO AS BEIRAS, António Frazão disse que o protesto pretende levar o país “a agir, em conjunto, para mudar a atual situação de falta de confiança e de esperança, com respeito por tudo e por todos”. O desafio está lançado. A todos.
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